Moçambique cresce 2,5% e dívida pública sobe para 116,2% este ano
A agência de notação financeira Standard & Poor's prevê que o crescimento da economia de Moçambique abrande para os 2,5% este ano e que o rácio da dívida pública face ao PIB suba para 116,2%.
© Reuters
Economia S&P
"O desempenho económico deste ano foi significativo e negativamente afetado pelos dois ciclones tropicais, Idai e Kenneth, em março e abril, e em resultado a produção agrícola e de eletricidade deverá ser fraca durante o ano devido aos estragos causados nas acolheitas e na infraestruturas, incluindo o porto da Beira, um dos grandes portos para as exportações de matérias primas", escrevem os analistas.
Na nota que acompanha a divulgação da melhoria do 'rating' para CCC+, retirando Moçambique da categoria de Incumprimento Financeiro ('default'), a S&P escreve que "o PIB deverá crescer apenas 2,5% em 2019".
A partir do próximo ano, no entanto, a previsão dos analistas é que a economia recupere, crescendo 5% "graças aos esforços de reconstrução e aos investimentos nas indústria extrativas", que prometem mudar a face da economia moçambicana.
"Na nossa opinião, Moçambique é uma economia de baixo rendimento que enfrenta deficiências nos serviços básicos e nas infraestruturas, o que limita a já de si limitada margem orçamental do Governo", acrescentam, notando que, apesar de o executivo já ter feito cortes substanciais na despesa pública este ano, "o défice orçamental vai alarga-se para 6,5%, devido aos gastos relacionados com as eleições, os esforços de reconstrução e o apoio às comunidades no seguimento dos ciclones".
O défice orçamental, entre 2020 e 2022, deverá ficar em média nos 5% do PIB, segundo as estimativas desta agência de 'rating', que prevê ainda que o rácio da dívida pública face ao PIB aumente para 116,2% este ano.
"No entanto, entre 2020 e 2022, o rácio deve diminuir devido à assunção de que haverá uma redução gradual da consolidação orçamental e um aumento do crescimento económico nominal, o que pode reduzir o peso da dívida para menos de 110% em 2022", apontam os analistas.
Mais de 80% da dívida de Moçambique encontra-se em moeda estrangeira e nas mãos de não residentes, diz a S&P, que antecipa que os pagamentos de juros fiquem acima dos 15% da receita total do executivo, o que obriga a que as "elevadas necessidades anuais de financiamento sejam atendidas parcialmente através de verbas externas direcionadas para projetos específicos, mas principalmente o financiamento deverá ser feito em moeda nacional pelos bancos locais".
A agência de notação financeira Standard & Poor's (S&P) melhorou o 'rating' de Moçambique para CCC+, retirando-o da categoria de Incumprimento Financeiro ('default') e atribuindo à economia do país uma Perspetiva de Evolução Estável.
"O Governo de Moçambique completou uma troca de títulos de 'dívida problemática' no seguimento dessa resolução, estamos a melhorar o 'rating' para emissões em moeda estrangeira de curto e longo prazo, de SD (selective default - incumprimento financeiro seletivo), para CCC+/C e afirmamos as emissões em moeda nacional no patamar B-/B", lê-se numa nota divulgada pela agência de notação financeira.
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