Direitos dos trabalhadores da Coindu definidos na próxima semana
Os direitos dos 350 trabalhadores da fábrica da Coindu em Arcos de Valdevez, que encerrará no final de dezembro, vão ser definidos numa reunião no dia 06 de dezembro, revelou hoje fonte sindical.
© Paulo Jorge Magalhães / Global Imagens
Economia Arcos de Valdevez
O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), José Simões, que falava à agência Lusa no final do plenário de trabalhadores, disse que "a reunião, marcada para as 14h00, nas instalações da Coindu será entre o sindicato, a administração da empresa, o Governo e a Inspeção-Geral do Trabalho".
"É uma reunião importante para tentar encontrar uma solução para o valor da indemnização a pagar aos trabalhadores. É obrigatório, está na lei", afirmou.
Na segunda-feira, o SIMA revelou à Lusa o encerramento da fábrica de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, e o despedimento dos 350 trabalhadores.
Segundo o SIMA, a decisão acontece cerca de um mês após a compra da empresa pelo grupo italiano Mastrotto.
"Este processo foi levado a cabo sem qualquer informação e consulta aos trabalhadores, numa completa ilegalidade sem qualquer ação das autoridades competentes", destacou o SIMA.
Na altura, a Lusa contactou a administração da Coindu, mas nunca obteve resposta.
O plenário, que decorreu hoje durante mais de duas horas, foi realizado fora das instalações da fábrica instalada na zona industrial de Padreiro, porque "as instalações que foram postas à disposição não chegaram para acolher todos os trabalhadores".
"Houve uma adesão de 100%. Foi um plenário histórico onde informámos, em pormenor, todos os direitos que os trabalhadores têm e mais aqueles que vamos acordar no dia 06", destacou.
Segundo José Simões, os trabalhadores, "a grande maioria mulheres, manifestaram um descontentamento brutal pelo encerramento da empresa".
"Eu escancarei logo a informação que é ponto assente: vocês não têm trabalho porque a empresa roubou-vos o trabalho. O trabalho que era para vir para aqui foi para a Tunísia, porque a mão de obra é mais barata e, portanto, o vosso trabalho foi para a Tunísia", disse.
José Simões acrescentou que os trabalhadores "reafirmaram em bloco que querem os seus postos de trabalho".
"As pessoas querem trabalhar. Não aceitam o encerramento da empresa. Há trabalhadores com 60 anos que não sabem o que vão fazer, que questionam sobre quem é que os vai aceitar com aquela idade", acrescentou.
Na terça-feira, em comunicado publicado na sua página de Internet, o grupo Coindu justificou o encerramento da fábrica com a "deterioração gradual das suas condições financeiras, fruto das condições do mercado".
"Esta decisão surge na sequência de uma avaliação aprofundada das condições de mercado e das oportunidades de negócio, o que tornou insustentável a continuação da atividade desta unidade. Nos últimos anos, o setor automóvel vem a sofrer uma crescente e profunda transformação, marcada pelo declínio significativo da procura pós-pandemia e pelo aumento da pressão competitiva dos mercados com custos de mão de obra mais baixos, nossos concorrentes diretos", refere.
Segundo o grupo, "esta situação conduziu a uma redução gradual dos projetos atribuídos à unidade nos Arcos de Valdevez", especializada no 'design' e produção de componentes interiores para automóveis.
"Apesar dos intensos e prolongados esforços, infelizmente não foi possível garantir novas oportunidades de negócio para manter esta fábrica ativa", acrescenta o CEO do grupo, António Cândido, destacando que "a entrada do Gruppo Mastrotto visa estrategicamente estabilizar a situação, aumentar a competitividade da Coindu e abrir novas oportunidades internacionais".
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