Dívida colocada por Angola a um ano paga juros acima dos 18%
A dívida pública colocada semanalmente pelo Banco Nacional de Angola (BNA) caiu mais de 30% para 13,5 mil milhões de kwanzas (72,3 milhões de euros), com juros nos Bilhetes do Tesouro a um ano acima dos 18%.
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Economia Bilhetes do Tesouro
Segundo dados compilados hoje pela Lusa com base no relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, enquanto operador do Estado, o banco central colocou no mercado primário, entre 18 e 22 de abril, 2,3 mil milhões de kwanzas (12,3 milhões de euros) em Bilhetes do Tesouro (BT) e nove mil milhões de kwanzas (48,2 milhões de euros) em Obrigações do Tesouro (OT).
As taxas de juro médias pela emissão de BT oscilaram entre os 14,90% na maturidade a 91 dias e os 18,10% no prazo a 364 dias, respetivamente, enquanto as OT fecharam com taxas de juro de até 7,75%, a cinco anos.
No segmento de venda direta de títulos ao público foram ainda colocados pelo BNA mais 2,2 mil milhões de kwanzas (11,7 milhões de euros).
A dívida pública colocada por Angola caiu assim 31% face à semana anterior, quando se cifrou em 19,7 mil milhões de kwanzas (105,9 milhões de euros).
Só em março, o BNA colocou dívida pública, nos mesmos moldes, no total de 310 mil milhões de kwanzas (1,6 mil milhões de euros).
O FMI anunciou a 06 de abril que Angola solicitou um programa de assistência para os próximos três anos, cujos termos foram debatidos nas reuniões de primavera, em Washington, prosseguindo durante uma visita ao país, em maio.
O ministro das Finanças de Angola, Armando Manuel, esclareceu entretanto que este pedido será para um Programa de Financiamento Ampliado para apoiar a diversificação económica a médio prazo, negando que se trate de um resgate económico.
Angola vive desde meados de 2014 uma crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra das receitas da exportação de petróleo, recorrendo à emissão de dívida para garantir o funcionamento do Estado e a concretização de vários projetos públicos.
A Lusa noticiou a 2 de março deste ano que Angola vai gastar mais de 6,2 mil milhões de dólares (5,4 mil milhões de euros) entre 2016 e 2017 com o serviço da dívida pública contraída externamente, mas o petróleo abaixo dos 38 dólares por barril pode obrigar à reestruturação da carteira.
A informação consta de um documento de suporte à estratégia do Governo angolano para ultrapassar a crise financeira provocada pela quebra nas receitas do petróleo, ao qual a Lusa teve acesso e que indica que o 'stock' de dívida pública atingiu em 2015 os 42,9 mil milhões de dólares (37,7 mil milhões de euros), correspondendo a 48,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
O endividamento do Estado angolano tem sido utilizado para colmatar a forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo e só em 2015 o serviço da dívida pública angolana ascendeu a 18 mil milhões de dólares (15,8 mil milhões de euros).
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