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O leitor perguntou: Será que a hipnose é real? A ciência explica

‘Olhe diretamente para os meus olhos’. Esta frase traz certamente à mente para muitos a imagem de um psicoterapeuta com um relógio de bolso em punho, mas será que a hipnose tem de facto poderes?

O leitor perguntou: Será que a hipnose é real? A ciência explica
Notícias ao Minuto

18:00 - 09/09/18 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle Mitos

São muitos os mitos que existem em torno da hipnose, a maioria proveniente dos media e da cultura popular – desde filmes, séries ou obras de literatura”, explica Irving Kirsch, professor e diretor do Programa de Estudos Placebo na Faculdade de Medicina, da Universidade de Harvard, em declarações à revista norte-americana TIME.

Mas colocando de lado, os clichés associados à cultura popular, Kirsch garante que a hipnose é de facto uma área bem estudada por inúmeros cientistas e académicos e uma forma legitima e complementar de tratamento para condições que vão desde a obesidade, à dor crónica ou relacionadas com a ansiedade e com o stress.

Relativamente à perda de peso, algumas das pesquisas conduzidas pelo professor apuraram que observando pacientes que fazem terapia comportamental cognitiva (TCC) – uma das formas de tratamento mais respeitadas de emagrecimento, depressão e de outras patologias, sem recorrência a fármacos – juntamente com sessões de hipnose tendem a registar uma maior redução de peso.

Numa das experiências realizadas, após seis meses os voluntários sujeitos a TCC e a hipnose perderam mais de 10 quilos, enquanto que aqueles que foram sujeitados apenas a TCC perderam somente metade desse valor.

O grupo que recebeu hipnose conseguiu manter ainda o novo peso alcançado durante um período posterior de 18 meses, enquanto que em média o grupo dedicado apenas à TCC voltou a recuperar o peso.

Para além de auxiliar no processo de emagrecimento existem “provas científicas substanciais” de que a hipnose consegue reduzir efetivamente a sensação de dor física, aponta o psicólogo clínico e professor de psicologia na Universidade de Hartford, Len Milling, à mesma publicação.

Um dos artigos de Milling concluiu que a hipnose pode ajudar a reduzir a dor pós cirúrgica sentida pelas crianças ou da dor como consequência de outros procedimentos médicos. Numa experiência em particular o psicólogo apurou que a hipnose pode inclusive ajudar na dor experienciada com o parto.

“A hipnose também é benéfica para quem pretende deixar de fumar”, refere David Spiegel, especialista em hipnose e professor de psiquiatria e de ciências comportamentais na Universidade de Stanford. 

“Cerca de metade dos pacientes que me consultaram param de fumar nos dois anos seguintes”.

Um outro estudo realizado em 2007, que envolveu 286 fumadores apurou que 20% dos indivíduos que tinham recebido tratamento através da hipnose tinham conseguido abandonar o vício do tabaco, comparativamente a 14% dos que beneficiaram de terapias comportamentais.

Mas será que perco o controlo sob as minhas ações?

“Apesar da maioria dos indivíduos recear perder o controlo durante uma sessão de hipnose, a verdade é que se trata de uma forma de aperfeiçoar o auto controlo do corpo e da mente”, diz Spiegel. Ao invés de permitir que emoções nocivas como a dor, a ansiedade ou outros estados detrimentais se manifestem, a hipnose permite que aos indivíduos que a ela se submetem exercerem um maior controlo sob os seus pensamentos e perceções.

Como é que a hipnose altera o cérebro?

Segundo Spiegel a hipnose atua em numerosas regiões do cérebro, incluindo algumas áreas conectadas à perceção e regulação da dor. Mais ainda, o método ainda para muitos algo bizarro é reputado por acalmar certas regiões da mente, envolvidas no processamento sensorial e por respostas emocionais.

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