Dia Mundial da Saúde Mental: Sinais de alerta em crianças e jovens
O artigo opinião que se segue é da autoria da Dra. Sara Melo, Pedopsiquiatra no Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Porto.
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Lifestyle Médico explica
A 10 de outubro assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental. Uma data relevante para destacar a importância de se promover a saúde mental desde cedo e dar a conhecer alguns dos sinais a que os pais devem estar atentos e que devem motivar a procura de um especialista.
É importante promover a saúde mental desde cedo
A saúde de um adulto, tanto a física como a mental, é influenciada por acontecimentos e vivências nos primeiros anos de vida, sendo, por isso, cada vez mais importante, promover a saúde mental desde tenra idade.
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Para além dos efeitos muito prejudiciais no desenvolvimento social, intelectual e emocional das crianças e jovens, os problemas de saúde mental na infância e adolescência são um dos principais preditores de problemas de saúde mental na idade adulta, com cerca de metade das doenças mentais a ter início antes dos 14 anos de idade. Pelo que é importante estar atento a determinados sinais e valorizar as preocupações dos pais, professores e dos seus pares.
Sinais de alarme a estar atento
De um modo geral, e de acordo com a idade, há alguns sinais de alarme que merecem atenção e devem ser motivo para procurar ajuda especializada. É muito importante saber interpretar o comportamento da criança/jovem.
Primeira infância (0-3 anos)
- dificuldades na relação mãe-bebé
- bebé que não se envolve na relação com o outro, que não estabelece contacto ocular, que não sorri, que não devolve a interação (por exemplo, jogo do cucu, sorri ao ver outro sorrir, não procura o olhar da mãe ou de outro cuidador)
- bebé que tem dificuldades em se auto-regular, difícil de acalmar, com episódios de choro frequentes, intensos e difíceis de entender para os pais
- perturbações de sono que não melhoram com as tentativas de organização de rotinas - perturbações alimentares, dificuldade em aceitar novos alimentos, recusa ou seletividade
3-6 anos
- dificuldades na adaptação ao Infantário, com duração superior a um mês
- criança que não brinca ou que não se interessa pelos seus pares
- comportamentos repetitivos, interesses muito restritos e pouco habituais para esta idade - dificuldades alimentares e de sono
- irritabilidade extrema (as birras são normativas entre os 2-4 anos!), que os pais têm dificuldade em gerir - comportamentos auto ou heteroagressivos
Idade escolar
- comportamento opositivo e desafiador mantido
- dificuldades de aprendizagem, de adaptação à escola ou desinteresse mantido; recusa escolar - criança triste, isolada, que não interage com os pares
- agressividade mantida
- perturbações de sono e alimentares mantidas
Adolescência
- alterações do humor mantidas e sentidas como exageradas pelos conviventes (as alterações do humor são típicas da adolescência)
- isolamento social
- desmotivação, desinteresse pela escola, absentismo
- consumo de substâncias tóxicas
- comportamentos auto-lesivos
- alterações do comportamento alimentar
Promova tempo de qualidade com o seu filho
Os pais são o modelo dos filhos e é com eles que as crianças mais aprendem, sobretudo no que diz respeito a competências emocionais e sociais. Em todas as idades, é muito importante que os pais passem tempo com os filhos. Os momentos livre de ecrãs e sem cronómetro – brincar no chão com crianças pequenas, desenhar em conjunto, promover caminhadas e jogos, descobrir museus, cozinhar em conjunto, promover hábitos de leitura – constituem a base de um conhecimento mútuo que fortalece os laços afetivos e permite o desenvolvimento de competências físicas, de psicomotricidade e emocionais nas nossas crianças.
Dra. Sara Melo© DR
Para que as crianças cresçam tranquilas, seguras e organizadas, é igualmente muito importante que os pais as ajudem a organizar as suas rotinas, estabelecendo regras claras e bem entendidas pelos filhos. Ao ajudar as crianças a perceber os seus limites aumentamos a sua colaboração e obediência. Para tal, os pais devem lembrar-se do seu papel de modelo e devem manter regras consistentes, independentes do seu próprio estado emocional ou do cansaço que os pode fazer 'facilitar'.
A prevenção é o mais importante!
Adotar um estilo de vida saudável desde a gravidez, com cuidados alimentares, de sono e com tempo para brincar, conversar e a partilha de momentos lúdicos é a base para um crescimento emocional saudável.
Limitar os ecrãs desde cedo, estar atento à utilização das tecnologias e, acima de tudo, adotar uma atitude pedagógica em relação a este tema evita comportamentos de dependência e a exposição a riscos sérios na adolescência.
Caso detete alguma alteração no comportamento do seu filho, não hesite e procure a ajuda de um profissional de saúde, seja pediatra, pedopsiquiatra ou psicólogo. Porque é muito importante cuidar da saúde mental!
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