Um terço dos portugueses não toma os antibióticos até ao fim
O consumo inapropriado de antibióticos é apontado como um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento de bactérias resistentes.
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Lifestyle Antibióticos
Apesar de se ter registado uma evolução favorável, um terço da população portuguesa ainda toma os antibióticos de forma inadequada, revela um inquérito nacional, divulgado a propósito da Semana Mundial de Consciencialização Sobre o Uso de Antimicrobianos.
De acordo com o inquérito 'Consumo de Antibióticos', realizado pelo Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa, um terço dos inquiridos num estudo da Pfizer sobre antibióticos diz que não toma os antibióticos até ao fim do tratamento. Dois terços dos inquiridos declarou seguir a prescrição até ao final do tratamento. Mas 9% deixa de tomar o antibiótico assim que se sente melhor, sendo este valor muito superior entre os homens e os mais jovens.
Entre os que tomam antibióticos, 40% considera a duração do tratamento o mais importante. Para 27%, a informação mais importante são os efeitos indesejáveis. São os mais idosos e em particular os homens que dão mais importância à duração do tratamento. As mulheres, tal como os mais jovens, atribuem maior importância à interação dos antibióticos com outra medicação.
De acordo com o inquérito, 73% dos inquiridos confirmaram que tomam antibióticos. Dos restantes 27%, cerca de metade (13%), afirmaram nunca ter tido necessidade de tomar antibióticos e os outros 14% recusam tomar antibióticos, mesmo quando prescritos pelo seu médico.
Um quarto dos portugueses (25%) diz ter sempre um 'stock' destes medicamentos em casa, fruto do último tratamento. Outros 30% guarda-os para uma próxima necessidade.
Resistência aos antibióticos
Somente 36% da amostra identificou corretamente o propósito dos antibióticos: tratar infeções provocadas por bactérias. São as mulheres e os mais jovens que melhor conhecimento demonstram.
"Em Portugal, como no resto do mundo, o consumo inapropriado de antibióticos é apontado como um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento de bactérias resistentes", avisa a Pfizer em comunicado, sublinhando que, a manter-se esta tendência, dentro de 30 anos "poderemos voltar à era pré-antibióticos, tempo em que ferimentos e infeções simples podiam causar danos consideráveis ou mesmo levar à morte." "Se não forem tomadas medidas, dentro de três décadas a resistência aos antimicrobianos será responsável por mais mortes do que o cancro e a diabetes juntos, o equivalente a cerca de 10 milhões de óbitos por ano, ou seja, uma morte a cada três segundos, à escala mundial".
Dois terços dos inquiridos afirmaram conhecer o conceito de resistência aos antimicrobianos, registando-se um maior desconhecimento na população acima de 65 anos (44%). Para 95% dos que conhecem o conceito, este é um problema sério.
Dados da farmacêutica revelam que, na Europa, a prevalência de infeções causadas por microrganismos resistentes a antibióticos é igual à soma da prevalência de tuberculose, VIH/SIDA e gripe e há 30 mil mortes associadas a este tipo de infeções por agentes resistentes. "Mais de um terço destes casos é causado por bactérias resistentes a antibióticos 'de última-linha'."
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