Síria: Ofensiva contra milícias curdas não depende da retirada dos EUA
O chefe da diplomacia turca, Mevlüt Cavusoglu, assegurou hoje que a futura intervenção militar turca contra as milícias curdas da Síria "não dependerá da retirada dos Estados Unidos" da região.
© Reuters
Mundo Mevlüt Cavusoglu
Em entrevista à cadeia televisiva turca NTV, Cavusoglu reiterou a decisão do seu governo de intervir no nordeste da Síria contra as milícias curdas sírias Unidade de Proteção do Povo (YPG), que têm recebido o apoio militar de Washington no combate ao grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI).
Ancara define estas milícias de "organização terrorista" devido aos seus vínculos ao banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha curda da Turquia.
"O nosso problema é que existe uma organização terrorista e os Estados Unidos apoiam essa organização terrorista, que controla pela força, devido a esse apoio, territórios habitados por árabes", assinalou o ministro.
"Estamos decididos [a intervir na Síria] e seremos nós a tomar a decisão sem pedir autorização a ninguém", acrescentou.
"Após os Estados Unidos anunciarem a sua retirada [militar], o nosso Presidente disse que haverá um período de espera, mas se esse assunto se prolongar com desculpas desnecessárias do género 'os turcos vão massacrar os curdos', então levaremos à prática a nossa decisão" de desencadear a operação, insistiu Cavusoglu.
Os EUA mantêm cerca de 2.000 tropas especiais no nordeste da Síria e nos finais de dezembro o Presidente Donald Trump anunciou a retirada total deste contingente, mas sem precisar uma data. Segundo declarações de diversos responsáveis oficiais, o regresso das tropas poderia ocorrer em meados de janeiro.
"A nossa operação contra o YPG não depende da retirada dos EUA. Quando o nosso Presidente [Recep Tayyip Erdogan] falou em intervir a leste do rio Eufrates, ainda não havia essa decisão da retirada. Agora os EUA dizem que se vão retirar, mas há quem esteja trabalhando para que não se retire", acrescentou o ministro.
Cavusoglu acrescentou que "em particular no setor da segurança norte-americana, há quem tente revogar a decisão do Presidente [norte-americano]" sobre a retirada.
O ministro dos Negócios Estrangeiros turcos referiu-se em particular ao conselheiro para a Segurança Nacional, John Bolton, que na terça-feira visitou Ancara para coordenar a retirada mas foi recebido com frieza na Turquia, devido às suas recentes declarações de que Washington exigia garantias de segurança para as milícias curdas.
"Para nós, é a palavra de Trump que tem validade. Nas declarações de Bolton e de outros vemos que não são apoiantes da retirada. Mas a promessa de Trump é clara", assegurou Cavusoglu.
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