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EUA condena eleição de "senhor da guerra" para comissão na Libéria

A diplomacia norte-americana condenou, numa rara declaração, a eleição do antigo "senhor da guerra" Príncipe Johnson para um destacado lugar no parlamento da Libéria.

EUA condena eleição de "senhor da guerra" para comissão na Libéria
Notícias ao Minuto

12:45 - 20/05/21 por Lusa

Mundo Libéria

O Príncipe Johnson, uma figura da primeira guerra civil da Libéria (1989-1997) que se tornou senador em 2006 e antigo candidato presidencial, foi eleito na terça-feira para presidir à Comissão de Defesa e Informações do Senado, na sequência das eleições intercalares de 08 de dezembro.

A sua eleição decorreu no meio de um tenso debate sobre a criação de um tribunal para crimes de guerra cometidos durante as duas guerras civis (1989-1997 e 1999-2003) e o seu envolvimento na primeira delas.

O ex-líder das milícias, de 68 anos, que se tornou pregador evangélico, é conhecido por um vídeo que o mostra a beber uma cerveja enquanto os seus homens torturam o Presidente Samuel Doe até à morte em 1990, sendo também responsável pela morte de dezenas de outros liberianos.

A Embaixada dos Estados Unidos, um país com fortes ligações à Libéria, emitiu uma declaração na quarta-feira à noite na qual "condena veementemente a eleição do infame senhor de guerra Príncipe Y. Johnson para presidir ao Comité de Defesa e Inteligência do Senado da Libéria".

"As graves violações dos direitos humanos do Senador Johnson durante as guerras civis da Libéria estão bem documentadas, os seus incansáveis esforços para evitar a responsabilização, encher os seus bolsos e semear a divisão são também bem conhecidos", disse a representação diplomática.

"O facto de o Senado liberiano considerar adequado promovê-lo a uma posição de responsabilidade, quanto mais na área em que causou mais danos ao seu país, lança dúvidas sobre a seriedade do Senado e a sua capacidade de lidar com questões de defesa e segurança", acrescentou.

O Príncipe Johnson e o Senado não responderam até ao momento à declaração da Embaixada dos Estados Unidos.

O Príncipe Johnson sempre reagiu veementemente à menção de um tribunal de crimes de guerra.

"Deixem-nos vir, com o seu tribunal de crimes de guerra, todos nós podemos ir e explicar-nos. Eu estava apenas a defender o meu povo que foi assassinado pelos soldados de Samuel Doe", disse no início desta semana.

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