AI recorda à Rússia que bombardear infraestruturas energéticas é crime
A Amnistia Internacional condenou hoje a vaga de ataques russos às infraestruturas energéticas da Ucrânia, alertando que tais bombardeamentos constituem um crime de guerra, contribuindo para agravar as já "insuportáveis" condições de vida no país.
© Reuters
Mundo Ucrânia
A diretora da Amnistia para a região, Marie Struthers, declarou que "a devastação" causada por este e outros ataques evidenciam que a Rússia está a tentar "destruir" as instalações energéticas da Ucrânia.
Segundo a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos, centenas de milhares de pessoas ficaram sem eletricidade durante pelo menos algumas horas devido aos bombardeamentos mais recentes.
A situação é preocupante com a aproximação do inverno, o terceiro desde que o Presidente russo, Vladimir Putin, deu ordens para invadir o país vizinho, em fevereiro de 2022.
"A destruição das infraestruturas energéticas significa que muitas escolas, hospitais e inúmeras habitações estão sem aquecimento ou água corrente", sublinhou Struthers num comunicado.
A responsável da Amnistia apelou para o fim "imediato" dos bombardeamentos e sustentou que a destruição deliberada de alvos civis ou de infraestruturas "indispensáveis à sobrevivência" equivale a um crime de guerra.
Por esta razão, instou a comunidade internacional a garantir não só a satisfação das necessidades humanitárias da população ucraniana, mas também que os responsáveis por tais abusos sejam chamados a prestar contas na justiça.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
No terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da recente autorização do Presidente norte-americano, Joe Biden, à Ucrânia para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
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