Tusk pede investigação ao papel da Rússia em escândalo na Polónia
O líder do maior partido da oposição da Polónia, Donald Tusk, pediu hoje ao Governo que esclareça as ligações a um escândalo com oito anos que envolve gravações ilegais de políticos importantes e importações de carvão da Rússia.
© Mateusz Wlodarczyk/NurPhoto via Getty Images
Mundo Donald Tusk
O antigo presidente do Conselho Europeu disse que a Rússia está envolvida no episódio, mas que é necessária uma comissão parlamentar de investigação para determinar a escala da interferência russa e até que ponto os polacos colaboraram com os serviços de inteligência russos.
As escutas telefónicas e a publicação de conversas privadas de líderes políticos e empresários criaram um escândalo em 2014 que prejudicou a posição do partido pró-europeu de Tusk, a Plataforma Cívica, e ajudou o partido populista Lei e Justiça a conquistar o poder no ano seguinte.
Tusk argumentou numa conferência de imprensa em Varsóvia que o caso lança uma nuvem negra sobre o atual Governo de direita, por dar a impressão de que chegou ao poder com a ajuda russa.
"É do interesse da Polónia, da opinião pública, mas também do seu interesse e do seu partido, que esta perturbadora ambiguidade, esta perturbadora sombra que paira sobre o seu governo não permaneça", disse Tusk, dirigindo-se ao líder do Lei e Justiça, Jaroslaw Kaczynski.
"Estou a pedir a criação de uma comissão parlamentar da investigação para que ninguém na Polónia possa especular que o poder do Lei e Justiça foi de facto instalado pelos serviços russos. Hoje essas suposições são válidas", acrescentou.
Depois de o Lei e Justiça ter assumido o poder, a Polónia aumentou as suas importações de carvão russo, embora as tenha bloqueado este ano em retaliação à invasão da Rússia à Ucrânia.
Por seu lado, o ministro da Justiça, Zbigniew Ziobro, que também é procurador-geral, disse que as declarações de Tusk eram falsas e o Ministério Público iria publicar o depoimento de um ex-sócio de um empresário polaco -- Marek Falenta -- que havia sido condenado a dois anos e meio de prisão por fazer gravações ilegais em restaurantes.
"Esta divulgação é importante e vai levar à conclusão de que o Ministério Público não está a agir neste caso por razões políticas, mas está a explicar o assunto de forma livre de motivações políticas", disse Ziobro.
Na altura das gravações, Falenta devia milhões de dólares a uma empresa de carvão russa ligada a Vladimir Putin.
Na segunda-feira, Ziobro havia dito que, se os serviços de inteligência russos tivessem um papel nas gravações, isso seria comprometedor para Tusk, que governou a Polónia como primeiro-ministro entre 2007 e 2014, porque revelava que os serviços de segurança polacos "eram tão fracos que os russos podiam agir livremente".
Já o atual primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, acusou Tusk de criar "cenários completamente falsos" para melhorar a sua reputação.
Tusk havia argumentado que a Polónia se tornou muito dependente das importações russas de carvão nos primeiros anos do Governo do Lei e Justiça.
Atualmente, a Polónia enfrenta uma escassez de carvão devido à crise energética.
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