Iberifier: É preciso tempo no jornalismo para reduzir desinformação
O coordenador do projeto Iberifier, Ramón Salaverría, defendeu hoje na apresentação dos resultados de um inquérito sobre desinformação científica em Espanha que os órgãos de comunicação social têm ritmos mais acelerados do que aqueles que a ciência permite.
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Mundo Desinformação
Ramón Salaverría defende que é necessário um reforço nos procedimentos científicos para garantir a eficácia da qualidade da informação e para que isso aconteça tem de haver "uma maior cultura científica dentro dos meios de comunicação social e, ao mesmo tempo, assegurar rigor nos procedimentos de criação científica para deslindar o que é a ciência de verdade".
A Fundação Espanhola para a Ciência e a Tecnologia (FECYT), no âmbito da sua participação no projeto Iberifier, concluiu no inquérito sobre desinformação científica em Espanha, que a política (29,1%), economia e empresas (18,7%) e alimentação e bem-estar físico (17%) são os temas científicos mais consultados diariamente.
A internet e as redes sociais são os meios mais utilizados em todos os temas científicos, à exceção da medicina e saúde, onde as pessoas recorrem mais aos profissionais de saúde.
"Vivemos num cenário onde se multiplicam as fontes e enquanto no passado vivíamos num cenário onde existiam poucas fontes e podíamos nutrir-nos de informação a partir daí, agora temos uma diversidade de meios e por isso nota-se que há uma certa procura por parte da sociedade em fontes credíveis, como por exemplo no caso dos temas da saúde, os médicos ou os farmacêuticos", explicou o professor de jornalismo, Ramón Salaverría.
No inquérito, 37,5% das pessoas, equivalente a um em cada dois espanhóis, mostraram acreditar que receberam informação falsa sobre a covid-19 e a vacina contra o coronavírus, enquanto 32,7% das pessoas acharam que receberam 'fake news' sobre as alterações climáticas, fenómeno ocorrido nos últimos sete dias antes da entrevista.
A maior parte das pessoas (61,7%) responderam que foi através das redes sociais que receberam estas informações que julgam serem falsas, já 43,8% denunciam as aplicações de mensagens, como o WhatsApp, o principal meio da origem da desinformação.
Pampa García Molina, responsável pelo Science Media Center de Espanha, referiu na apresentação dos resultados que "o problema da desinformação é que imita a estética e os formatos dos media 'online', na grande parte das vezes parecem notícias verdadeiras por causa do aspeto".
No entanto, os resultados também mostraram que 40,6% pessoas também consideram receber informação falsa através das televisões.
Pelo contrário, o meio que a população espanhola considera estar mais protegida da desinformação é a rádio e a imprensa escrita.
Os resultados revelaram que um a cada quatro espanhóis consultam verificadores de factos, sendo que as pessoas com um nível de educação superior são os que mais utilizam estas plataformas.
Uma em cada sete pessoas concordou que a desinformação serve para manipular as crenças e um em cada seis espanhóis acredita que as 'fake news' podem ter efeitos prejudiciais para a saúde da população e que podem provocar desconfiança nas instituições.
As conclusões também manifestaram que há mais mulheres do que homens a defender que o governo deveria tomar medidas para restringir a informação falsa 'online', mesmo que isso limite a liberdade de imprensa.
O Iberifier é um projeto ibérico, que visa combater a desinformação, reunindo um total de 12 universidades, seis centros de investigação na península, cinco 'fact-checkers' (organizações de verificação de notícias) e as agências de notícias espanhola Efe e portuguesa Lusa.
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