Turquia acusa Suécia de ser cúmplice em crime de ódio e racismo
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco acusou hoje a Suécia de ser cúmplice de um "crime de ódio e de racismo" por não impedir os protestos de grupos anti-islâmicos e pró-curdos do fim de semana passado em Estocolmo.
© Reuters
Mundo Mevlüt Cavusoglu
Mevlut Cavusoglu também confirmou que uma reunião importante em Bruxelas para discutir a adesão da Suécia e da Finlândia à NATO - prevista para o início de fevereiro - foi adiada, dizendo que a realização de tal reunião fica "sem sentido" após os protestos.
A Suécia e a Finlândia abandonaram as suas políticas de longa data de desalinhamento militar e solicitaram a adesão à NATO depois de as forças russas invadirem a Ucrânia em 24 de fevereiro. A Turquia, membro da NATO, ainda não endossou as suas adesões, que requerem a aprovação unânime de todos os membros da Aliança.
O Governo turco ficou furioso com um protesto no sábado em que um Alcorão foi queimado pelo ativista anti-islâmico Rasmus Paludan e criticou as autoridades suecas por permitirem que a manifestação ocorresse diante da embaixada turca.
O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, lançou nesta semana sérias dúvidas sobre a expansão da NATO, alertando a Suécia para não esperar o apoio turco para a sua adesão à Aliança Atlântica.
"O Governo sueco participou nesta ação vil ao permitir que ocorresse", disse hoje Cavusoglu durante uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo sérvio, que está em visita à Turquia.
"É simples assim. Ninguém nos pode dizer o contrário", sublinhou Cavusoglu.
"Nesse ambiente, uma reunião tripartida não teria sentido. (...) "Foi adiada porque o ambiente atual a teria ofuscado, não seria uma reunião saudável", afirmou o ministro turco.
Questionado sobre a possibilidade de a Finlândia ingressar na Aliança por conta própria se a candidatura da Suécia for adiada, Cavusoglu disse que a Turquia não recebeu tal pedido.
O ministro disse, no entanto, que "os problemas que enfrentamos com a Finlândia são relativamente menores em comparação com a Suécia".
As autoridades suecas ainda não comentaram as declarações de Cavusoglu.
O ativista anti-islâmico Rasmus Paludan, que possui cidadania dinamarquesa e sueca, estabeleceu partidos de extrema-direita nos dois países, mas estes não têm grande expressão. Nas eleições parlamentares do ano passado na Suécia, o seu partido recebeu apenas 156 votos em todo o país.
A queima do Alcorão gerou protestos na Turquia, onde manifestantes queimaram a fotografia de Rasmus Paludan e uma bandeira sueca.
A principal instituição religiosa do Egito pediu na quarta-feira aos muçulmanos em todo o mundo que boicotassem produtos suecos e holandeses depois que Edwin Wagensveld, líder holandês do movimento de extrema-direita Pegida, no domingo, rasgou e pisou páginas do Alcorão próximo do Parlamento holandês, em Haia.
As autoridades suecas enfatizaram que a liberdade de expressão é garantida pela Constituição sueca e dá às pessoas amplos direitos de expressarem as suas opiniões publicamente, embora a incitação à violência ou discurso de ódio não seja permitida.
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