Guterres visita Antártida para ver o "impacto mortal da crise climática"
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o Presidente chileno Gabriel Boric, realizam até sábado uma viagem à Antártida, para ver o "impacto mortal da crise climática", revelou hoje o diplomata português.
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Mundo Guterres
O chefe de Estado chileno e o líder da ONU chegam na quinta-feira à base aérea antártica Presidente Eduardo Frei e regressam no sábado a Punta Arenas, porta de entrada do Chile para o continente branco, indicou a presidência chilena.
Na Antártida, onde Guterres diz querer ir para "ver com os meus próprios olhos o impacto mortal da crise climática", os dois líderes visitarão o glaciar Collins e a Ilha Kopaitic.
Também visitarão três das dez bases científicas que o Chile possui no continente e participarão no lançamento de um balão de radiossondagem, destinado a medir variáveis meteorológicas.
De acordo com a presidência chilena, esta visita pretende "destacar os efeitos do aquecimento global e apelar a esforços conjuntos à escala global para mitigar os efeitos das alterações climáticas".
Antes da COP28, que decorre entre 30 de novembro e 12 de dezembro no Dubai, e enquanto o planeta caminha para um aquecimento de 2,5°C a 2,9°C até 2100, segundo a ONU, Guterres instou os líderes do mundo a "redobrarem seus esforços dramaticamente, com ambições recorde, ações recorde e reduções de emissões recorde".
A diferença entre os compromissos dos estados e o que seria necessário para respeitar os objetivos do acordo de Paris, para manter o aquecimento abaixo de 1,5 graus Celsius, constitui "um fracasso de liderança, uma traição aos que são vulneráveis e uma enorme oportunidade perdida", criticou António Guterres na segunda-feira, durante uma conferência de imprensa.
Um relatório da ONU divulgado na segunda-feira alertou para a necessidade da redução para metade das emissões estimadas de gases com efeito de estufa (GEE) até 2030, para impedir um aumento da temperatura global acima de 1,5 °C.
Lembrando que só este ano houve 86 dias com temperaturas médias superiores a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, e que setembro foi o mês mais quente de sempre, o documento diz ainda que 2023 foi ano de eventos extremos devastadores, numa amostra do que será o futuro sem redução de emissões de GEE, alerta o Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC).
O relatório, uma avaliação anual, independente e cientificamente fundamentada, foca-se no desfasamento entre as prometidas reduções de emissões e o que é realmente necessário limitar o aquecimento a 1,5°C acima dos valores médios da era pré-industrial e conclui que na atual trajetória as temperaturas serão 3°C mais altas no fim do século.
"A incapacidade de reduzir as emissões de GEE até 2030 torna impossível limitar o aquecimento a 1,5°C", avisa o PNUMA, afirmando que foram batidos não só os recordes de temperatura, como em 2022 foram batidas as emissões globais de GEE e as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono (CO2).
Para impedir um aumento de 3°C das temperaturas no final do século, todos os países terão de reduzir emissões muito para além das promessas atuais, cortando 42% das emissões até 2030 se quiserem não ultrapassar os 1,5°C, uma meta assumida em 2015 no Acordo de Paris sobre redução de emissões.
Se a meta for não ultrapassar os 2°C os cortes terão de ser de 28%. O Acordo de Paris impõe como meta não ultrapassar os 2°C, idealmente os 1,5°C.
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