Surto de cólera no Zimbabué provoca pelo menos 200 mortes
O Zimbábue registou, pelo menos, 200 mortes por cólera e 9 mil casos suspeitos desde setembro, quando eclodiu o surto que levou à declaração do estado de emergência na semana passada em Harare, onde 1.400 casos foram confirmados.
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Mundo Zimbabué
Segundo o porta-voz da câmara municipal da capital zimbabueana, Stanley Gama, que atualizou hoje o balanço de casos registados em Harare, vários fatores foram identificados como contribuindo para a propagação do surto, incluindo o consumo de água de poços não tratados.
O responsável aconselhou à precaução em reuniões públicas, apertos de mão, presença de esgotos quebrados e consumo de alimentos cozinhados por vendedores não licenciados.
O Supremo Tribunal do Zimbabué deu hoje ordem ao Governo e às autoridades locais e sanitárias para que forneçam água potável à população de Harare para evitar um surto pandémico de cólera na cidade.
A decisão foi tomada pela juíza Mary Zimba Dube, dando resposta a um pedido urgente apresentado por Wellington Mariga, um residente de Harare, do círculo eleitoral de Kuwadzana.
No seu requerimento, Mariga argumentou que o círculo eleitoral de Kuwadzana foi um dos mais afetados pelo surto de cólera na província de Harare, mas os residentes não receberam água das autoridades municipais.
O Supremo exigiu que a Câmara Municipal de Harare, em colaboração com o Ministério da Saúde, forneça fontes de água aos residentes para complementar o abastecimento de água.
Tinashe Shomwe, advogado que representa Mariga, afirmou, em declarações à agência espanhola EFE, que o tribunal ordenou que o Ministério da Saúde e a administração local fornecessem água potável aos moradores com efeito imediato.
"A juíza sublinhou que a água é uma questão humana básica na nossa Constituição e deve ser disponibilizada aos residentes para salvar vidas", afirmou Shomwe.
O ministro zimbabueano da Saúde, Douglas Mombeshora, garantiu que o seu departamento cumprirá a decisão judicial de fornecer água potável e casas de banho.
Segundo Mombeshora, a doença espalhou-se por, pelo menos, 17 distritos do país, mas Harare regista o maior número de casos, afetando moradores dos distritos eleitorais de Kuwadzana, Budiriro e Glen View.
Em 2008, o Zimbabué - que faz fronteira a oeste com Moçambique - sofreu um surto de cólera que matou 4.000 pessoas em Harare e 100.000 em todo o país.
A cólera é uma doença diarreica aguda causada pela ingestão de alimentos ou água contaminados com a bactéria "vibrio cholerae".
Três quartos das pessoas infetadas não apresentam sintomas. Mas a doença pode ser letal em 10 a 20% dos casos, com diarreia grave e vómitos que conduzem a uma desidratação acelerada.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cólera continua a ser "uma ameaça global para a saúde pública e um indicador de desigualdade e falta de desenvolvimento".
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