Grupos de direitos humanos acusam Zimbabué de práticas homofóbicas
Grupos de defesa dos direitos humanos declararam hoje que a intenção do Governo do Zimbabué em bloquear uma bolsa de estudos universitária para jovens LGBTQ+ é uma perpetuação das práticas homofóbicas do país africano.
© iStock
Mundo Zimbabué
A bolsa de estudos universitária estatal para pessoas com idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos é patrocinada pela GALZ, uma organização para pessoas LGBTQ+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queer) no Zimbabué.
A entidade começou a oferecer a bolsa em 2018, mas um recente anúncio 'online' da mesma a apelar a candidaturas teve uma resposta do vice-Presidente do Zimbabué, Constantino Chiwenga, um autoproclamado católico devoto e antigo comandante do exército.
Numa declaração, quinta-feira à noite, Chiwenga afirmou que a bolsa de estudos era "um desafio direto" à autoridade do Governo.
"As nossas escolas e instituições de ensino superior não receberão candidatos e muito menos inscreverão pessoas associadas a valores estranhos, anti-vida, não-africanos e não-cristãos que estão a ser promovidos e cultivados por sociedades decadentes, com as quais não partilhamos afinidades morais ou culturais", afirmou.
A GALZ afirmou anteriormente que a bolsa de estudos visa proporcionar igualdade de acesso às universidades públicas às pessoas LGBTQ+, que são frequentemente ostracizadas pelas suas famílias e têm dificuldade em pagar o ensino superior.
A organização não comentou a declaração do vice-Presidente.
No entanto, uma coligação de grupos de defesa dos direitos humanos, a que o GALZ pertence, afirmou que a declaração demonstra que as minorias sexuais e de género estão em perigo no Zimbabué.
"Estamos extremamente preocupados com a declaração do segundo cargo mais alto do país porque demonstra intolerância, especialmente tendo em conta que o anúncio [online da GALZ] abre aos jovens tantas oportunidades", disse hoje o coordenador dos programas do Fórum das organizações não-governamentais de Direitos Humanos do Zimbabué, Wilbert Mandinde.
O Zimbabué, que faz fronteira com Moçambique, tem leis que criminalizam a atividade homossexual. O sexo entre homens pode ser condenado a um ano de prisão e a Constituição do país proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Leia Também: Opositor e ex-deputado do Zimbabué condenado por informações falsas
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com