Etiópia. Prometido financiamento de 575 milhões para ajuda humanitária
A conferência das Nações Unidas para a angariação de 942 milhões de euros para ajudar a Etiópia terminou com a promessa de um financiamento de 575 milhões de euros, comunicou hoje a ONU.
© Reuters
Mundo Etiópia
As necessidades humanitárias da Etiópia para este ano ascendem a 2,85 mil milhões de euros, mas até agora apenas 5% desse montante foi angariado, daí a urgência da realização desta conferência de doadores, organizada em parceria com o Reino Unido e a Etiópia, de acordo com o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU.
No total, 21 países comprometeram-se a contribuir para a causa, sendo os Estados Unidos, o Reino Unido, a União Europeia, a Suécia e o Canadá os cinco principais doadores.
Após a apresentação dos resultados, a subsecretária-geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Joyce Msuya, manifestou a esperança de que "isto seja apenas o início e que o apoio continue e aumente ao longo do ano" para ajudar a Etiópia, que tem sido afetada por vários conflitos armados e catástrofes climáticas.
O montante inicialmente solicitado destinava-se a financiar a resposta humanitária imediata e a assegurar o fluxo de ajuda ao país durante os próximos três meses para dar assistência a cerca de 15,5 milhões de etíopes em situação de insegurança alimentar.
Na ausência de financiamento, o vice-secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Andrew Mitchell, recordou aos países doadores que "as palavras de solidariedade sem apoio financeiro não passam de palavras vãs".
"É muito dinheiro, mas menos do que o necessário para satisfazer o apelo humanitário total até 2024, pelo que o trabalho ainda não está feito", afirmou no encerramento da conferência.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, Taye Atske Selassie, saudou os compromissos assumidos e afirmou que o Governo etíope está empenhado em fazer com que "a violência e a fome na Etiópia passem à história".
O ministro etíope anunciou também o lançamento de um plano governamental para combater a desertificação e melhorar o sistema alimentar do país através da produção agrícola em massa e da plantação de árvores, além de um programa de nutrição para ajudar os pequenos e médios produtores.
Todavia, o discurso de abertura do ministro etíope foi interrompido por vários manifestantes espontâneos que acusaram o Governo do primeiro-ministro e Prémio Nobel da Paz, Abiy Ahmed, de cometer "genocídio" no âmbito da guerra de 2020-2022 na região de Tigray, no norte do país, para sufocar a rebelião do antigo partido governamental regional, a Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF).
A rebelião das forças de Tigray ocorreu depois de Abiy Ahmed ter substituído a sua coligação, a Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope, por um partido unificado sem referência étnica, o Partido da Prosperidade, levando a TPLF a revoltar-se contra o Governo central, ao que este respondeu com uma forte ofensiva.
A situação na região foi também referida pelo vice-secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, que visitou o Corno de África em fevereiro.
"Quando visitámos Tigray e vimos as áreas onde a marginalização e as dificuldades se estão a desenvolver, encontrámos um número crescente de pessoas, especialmente crianças, que sofrem de desnutrição devido às alterações climáticas, mas também de deslocações causadas pelos combates", afirmou.
Em consequência desta violência e das catástrofes climáticas, cerca de 4,5 milhões de pessoas tiveram de fugir das suas casas, o que faz da Etiópia um dos 10 países com maiores níveis de deslocação interna no mundo.
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