Denunciados "graves ameaças e violência" nas presidenciais do Chade
O partido do primeiro-ministro chadiano, Succès Masra, denunciou hoje "violências e ameaças graves" contra o próprio e os apoiantes, bem como fraudes na contagem dos votos, apelando à população para "defender a vontade expressa nas urnas".
© Reuters
Mundo Chade
Masra, candidato às eleições presidenciais, que ocorreram na segunda-feira, pelo partido Les Transformateurs, concorre contra o Presidente de transição e chefe da junta militar no poder desde há três anos, o general Mahamat Idriss Déby Itno, que o nomeou primeiro-ministro a 01 de janeiro.
O partido e a Coligação Justiça e Igualdade que o apoia denunciaram na rede social Facebook "graves ameaças e violências" dirigidas aos seus apoiantes e "detenções arbitrárias" desde a votação, "a recusa de acesso às assembleias de voto" para observar a contagem, "violações inimagináveis, incluindo disparos com munições reais, para apreender boletins de voto e atas".
O partido apelou, ainda, "à população para que se mantenha vigilante e mobilizada para defender a vontade expressa nas urnas".
Terça-feira, a União Europeia (UE) lamentou o afastamento de 2.900 observadores da sociedade civil no Chade, o que, considerou, prejudicou a "transparência" das eleições presidenciais realizadas segunda-feira.
Antes do escrutínio, também, as organizações não-governamentais (ONG) internacionais já tinham manifestado dúvidas sobre a "credibilidade" e a transparência do ato eleitoral, que consideravam, em sintonia com a oposição, como um dado adquirido a favor do general Mahamat Idriss Déby Itno, proclamado chefe de Estado pelo exército, após a morte do pai, o antigo ditador do Chade, Idriss Déby Itno.
No domingo, quatro organizações da sociedade civil chadiana, incluindo a Liga Chadiana dos Direitos Humanos (LTDH), protestaram contra a recusa da comissão eleitoral em emitir uma acreditação a 2.900 dos seus membros para "observarem o escrutínio", apesar dos pedidos apresentados "dentro dos prazos estabelecidos".
As eleições presidenciais, que deveriam pôr fim a três anos de regime militar, opuseram o Presidente de transição, Déby, a um antigo opositor, Succès Masra, que se juntou à junta e foi nomeado primeiro-ministro pelo general no início do ano.
Reprimida, a oposição - cujos candidatos com mais impacto para Déby foram eliminados da corrida - tinha apelado ao boicote de um escrutínio que considerou destinar-se a "perpetuar uma dinastia Déby de 34 anos".
A oposição considera Masra um "traidor", cuja candidatura se destinava apenas a dar um "verniz democrático" ao escrutínio. Mas Masra atraiu grandes multidões durante a campanha, ao ponto de estar agora a reclamar a vitória.
O resultado das eleições terá de ser conhecido até 21 de maio, data do prazo de validação do processo pelo Conselho Constitucional, constituído por elementos da confiança de Mahamat Déby.
Não é conhecido qualquer calendário para uma eventual segunda volta destas presidenciais, assim como não se sabe quando serão realizadas as eleições legislativas, que deveriam ter precedido este escrutínio, sob pena deste processo inverso produzir "clientelismos" ao invés de "verdadeiros partidos candidatos ao parlamento chadiano", como há dias assinalou o analista do Institute for Securities Studies (ISS) para a África Central, Remadji Hoinathy, em declarações à Lusa.
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