Pelo menos nove mortos no Chade após anúncio de resultado eleitoral
Pelo menos nove pessoas morreram e 63 ficaram feridas na capital do Chade por disparos do exército, após o anúncio dos resultados provisórios das eleições presidenciais de segunda-feira, informaram hoje fontes médicas à agência de notícias EFE.
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Mundo Chade
Pouco depois do anúncio dos resultados, os soldados dispararam para o ar armas automáticas em N'Djamena e em várias cidades do sul do país conhecidas pelo apoio à oposição.
"Desde ontem [quinta-feira] à noite, registámos nove mortos e 63 feridos, incluindo oito casos graves de disparos de munições reais. Entre as vítimas estão duas crianças, quatro mulheres e três homens", disse à EFE Jérôme Noubasra, enfermeiro do Hospital Geral Nacional de Referência em N'Djamena.
Os factos ocorreram depois de a Agência Nacional de Gestão Eleitoral (ANGE) ter proclamado o Presidente de transição e líder da junta militar do Chade, o general Mahamat Idriss Déby Itno, vencedor das eleições com 61,03% dos votos.
Antes da divulgação destes números, o antigo líder da oposição e primeiro-ministro desde janeiro, Succès Masra, que ficou em segundo lugar com 18,53% dos votos, proclamou-se vencedor da votação, denunciou a manipulação dos resultados e avisou que o povo "não vai permitir que isso aconteça".
Os ativistas dos direitos humanos alegaram que os disparos se destinavam a dissuadir os apoiantes da oposição de se reunirem para se manifestarem.
"Trata-se de uma estratégia do exército para impedir os apoiantes da oposição de se manifestarem. Especialmente porque, uma hora antes do anúncio dos resultados, o primeiro-ministro, Succès Masra, rejeitou-os e apelou aos apoiantes para se manifestarem para reclamar a sua vitória", disse à EFE a defensora dos direitos humanos Sosthène Mbernodji.
"Mas não é normal matar pessoas para festejar a vitória de um candidato", denunciou Mbernodji.
O Governo do Chade, por seu lado, prometeu esclarecer os factos.
"Lamentamos estas mortes e gostaria de dizer que está a decorrer um inquérito para determinar os responsáveis. O ministro da Defesa proibiu os tiroteios. Os seus autores responderão pelos seus atos", declarou o secretário de Estado da Justiça, Sitack Yombatina Beni.
Mais de oito milhões de chadianos foram às urnas na segunda-feira para eleger o novo Presidente, num dia que ficou marcado pela morte de um eleitor e de um soldado, a tiro, em dois incidentes distintos.
As eleições, nas quais concorreram dez candidatos (dos quais, uma mulher), marcam o fim de uma transição de três anos desde que o general Déby Itno assumiu o poder na sequência da morte inesperada, em 2021, do pai, Idriss Déby Itno, que tinha governado o país com mão de ferro desde 1990.
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