Luta renhida entre três forças faz antecipar nova coligação na Irlanda
Três partidos, Fine Gael, Fianna Fáil e Sinn Féin, estão lado a lado nas sondagens para as eleições legislativas de sexta-feira na República da Irlanda, cenário que faz antecipar um possível novo governo de coligação.
© Reuters
Mundo Legislativas
Tanto o líder do Fianna Fáil, Micheál Martin, como o primeiro-ministro e líder do Fine Gael, Simon Harris, recusaram repetidamente durante a campanha associar-se ao partido Sinn Féin, que foi a ala política do grupo paramilitar Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla inglesa), que lutou durante décadas contra os britânicos na Irlanda do Norte, até ao acordo de paz de 1998.
Nas últimas eleições, em 2020, o Sinn Féin, partido nacionalista de esquerda, ficou em primeiro lugar em número de votos, superando pela primeira os dois partidos de centro-direita que alternam no poder há 100 anos, mas não conseguiu suficientes parceiros para formar governo.
Na falta de uma alternativa, os dois partidos de centro-direita uniram-se e asseguraram uma maioria parlamentar com os Verdes.
"Esta eleição abre a possibilidade de um governo liderado por um partido que não seja o Fianna Fáil ou o Fine Gael, e o partido que o pode fazer é o Sinn Féin. Penso que é uma mudança necessária e oportuna na vida política irlandesa", afirmou a líder do partido nacionalista de esquerda, Mary Lou McDonald, num debate na terça-feira na estação pública RTÉ.
"Existe vida política para além do Fianna Fáil e do Fine Gael", vincou McDonald, de 55 anos.
De acordo com uma sondagem publicada no jornal Irish Times na segunda-feira, o Sinn Féin, com 20% das intenções de voto, está entre o Fianna Fail (21%) e o Fine Gael (19%).
Entre os minoritários, o Partido Trabalhista, os Sociais-Democratas e os Verdes são os mais prováveis candidatos a participarem numa coligação governamental multipartidária que, segundo as projeções, parece inevitável.
O partido do primeiro-ministro era o favorito quando as eleições foram convocadas há três semanas, mas a popularidade de Simon Harris, de 38 anos, conhecido como o "primeiro-ministro Tik Tok" pela sua assiduidade nas redes sociais, caiu entretanto.
No início desta semana, foi obrigado a pedir desculpa após um incidente na campanha com uma assistente social, cujas queixas sobre a falta de apoio a pessoas com necessidades especiais pareceu ignorar, virando as costas.
Além da crise do custo de vida, a imigração e a habitação foram os temas dominantes da campanha eleitoral.
Menos significativo tem sido o debate sobre uma possível reunificação política da Irlanda com a província britânica Irlanda do Norte desejada pelo Sinn Féin, que prometeu pressionar a realização de um referendo até 2030.
A imigração tem vindo a ganhar espaço na agenda política da Irlanda, Estado-membro da União Europeia (UE) desde 1973, devido a uma nova vaga de imigrantes num país de 5,4 milhões de habitantes até recentemente definido pela grande diáspora espalhada pelo mundo.
Cerca de 20% da atual população nasceu fora da Irlanda, incluindo 100 mil ucranianos e milhares de requerentes de asilo de países do Médio Oriente e de África chegados nos últimos anos.
Um ataque com faca que feriu várias crianças à porta de uma escola de Dublin no ano passado, cuja autoria foi atribuída a um argelino, desencadeou os piores tumultos a que a Irlanda assistiu em décadas.
Ao contrário de muitos países europeus, a Irlanda não tem um partido de extrema-direita significativo, mas vários candidatos independentes esperam beneficiar do crescente sentimento anti-imigração.
A cada vez maior dispersão dos votos registada nos últimos anos é refletida no número de partidos inscritos (20) e candidatos independentes (171).
No total, 686 candidatos concorrem em 43 circunscrições eleitorais a 174 lugares no Dáil, a câmara baixa do parlamento irlandês, mais 14 assentos do que em 2020.
Os deputados são eleitos através de um sistema de representação proporcional por voto único transferível, em que os eleitores podem escolher diferentes candidatos por ordem de preferência.
A complexidade deste processo significa que a contagem dos boletins pode demorar vários dias em alguns dos círculos eleitorais.
Leia Também: Inundações no Reino Unido e 4 voos cancelados em Espanha devido a 'Bert'
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com