Empresária nega ter burlado padre com publicidade em listas telefónicas
Uma das duas mulheres acusadas de burlar um padre com publicidade em listas telefónicas e roteiros negou hoje o crime, no início do julgamento, no tribunal da Feira.
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País Feira
"Nesta fase estava grávida e nem estava na empresa. Nunca falei com o senhor padre", afirmou a mulher, que está acusada de um crime de burla qualificada, juntamente com outra arguida.
Perante o tribunal, a mulher, que foi sócia gerente de uma empresa de publicidade entretanto extinta, admitiu que foram feitos sete contratos com o assistente, adiantando que os montantes referidos na acusação do Ministério Público (MP) foram pagos e os serviços foram prestados.
A empresária negou, contudo, a existência de contactos para o assistente a dizer que tinha uma divida. "Não estava lá, mas posso garantir que as minhas funcionárias não falaram assim. Não admitia que falassem desses modos porque senão eram despedidas", afirmou.
A segunda arguida, que foi sócia gerente de uma outra empresa do mesmo ramo, optou por não prestar declarações no início do julgamento.
O processo chegou a ter oito arguidos, mas só dois chegaram a julgamento porque os restantes chegaram a acordo com o pároco para pagar parte dos prejuízos causados e duas das sociedades arguidas já estão extintas.
Segundo a acusação do MP, o esquema durou entre agosto de 2010 e fevereiro de 2011, causando um prejuízo de mais de cem mil euros às paróquias de Milheirós de Poiares (Feira) e Macieira de Sarnes (Oliveira de Azeméis), onde o padre exercia funções.
Durante este período, os arguidos terão contactado dezenas de vezes o pároco, convencendo-o a pagar faturas de publicidade em listas telefónicas, inserida à sua revelia e sem a prévia assinatura de contrato publicitário.
A vítima estranhava os contactos porque sabia que não tinha celebrado nenhum contrato de publicidade, mas os arguidos ameaçavam que se não pagasse a dívida esta iria ser exigida judicialmente e o padre, devido ao seu estado de saúde e à sua idade avançada, acabava por fazer o pagamento.
"A Paróquia, como instituição de acolhimento a quem precisa, não se pode dar ao luxo de gastar/esbanjar dinheiro, que é fruto das ofertas dos fiéis, em coisas supérfluas, quando tem tantas carências a quem dar resposta imediata (...). Já gastámos convosco muito para além do nosso parco orçamento. E o povo não nos perdoa!", escreveu o padre, numa carta enviada a uma das empresas, onde pedia o cancelamento de futuras edições.
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