"A ordem de detenção emitida contra González Urrutia é muito preocupante"
Nove países da América Latina também criticaram hoje a ordem de detenção, referindo estar em curso uma "perseguição política".
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País MNE
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português caracterizou hoje como "muito preocupante" a ordem de detenção emitida contra Edmundo González Urrutia, líder da oposição na Venezuela.
"A ordem de detenção emitida contra Edmundo González Urrutia é muito preocupante. Atenta contra os direitos fundamentais e representa um sério revés na procura de uma solução democrática, pacífica e duradoura, que permita a normalização da vida política venezuelana", lê-se numa publicação na rede social X (antigo Twitter).
Nove países da América Latina também criticaram hoje a ordem de detenção, referindo estar em curso uma "perseguição política".
"Este mandado de detenção cita vários alegados crimes que não são mais do que mais uma tentativa de silenciar o senhor González [e] ignorar a vontade popular venezuelana", indica um comunicado emitido pelos nove países.
O texto é subscrito por Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.
Também a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou hoje reinar na Venezuela um clima de medo, uma vez que há detenções por expressarem ideias ou por quererem participar na vida política.
"O que estamos a ver na Venezuela é uma situação muito lamentável, na qual as pessoas estão a ser detidas por exercerem o seu direito à participação política, à liberdade de expressão ou à liberdade de reunião", afirmou a porta-voz Ravina Shamdasani, do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, quando questionada sobre o mandado de prisão contra o líder da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia.
A Procuradoria da Venezuela requereu na segunda-feira a um tribunal especializado em crimes de terrorismo que emita uma ordem de detenção contra o candidato presidencial da maior coligação da oposição, Edmundo González Urrutia.
A acusação envolve a suposta prática de crimes de "usurpação de funções" e "falsificação de documento público", relativamente aos registos eleitorais das presidenciais do passado dia 28 de julho.
O pedido foi feito depois de o Ministério Público ter convocado González Urrutia em três ocasiões e o opositor ter decidido não comparecer, por não saber em que qualidade deveria responder e por não reconhecer os crimes que o Ministério Público lhe atribui.
De acordo com um documento da entidade datado de hoje, o opositor é também acusado de incitamento à desobediência às leis, conspiração, sabotagem para danificar sistemas e associações para cometer um crime.
A investigação a González Urrutia está relacionada com a publicação de um 'site' no qual a principal coligação da oposição -- a Plataforma Democrática Unitária (PUD) -- afirma ter carregado 83,5% dos registos eleitorais recolhidos por testemunhas e membros da mesa na noite eleitoral.
O PUD divulgou esta ata, que o executivo qualifica de falsa, depois de o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter proclamado o atual Presidente, Nicolás Maduro, como vencedor das eleições, apesar da denúncia de fraude pela da oposição e das objeções colocadas por numerosos países, alguns dos quais a apoiar González Urrutia como vencedor por uma larga margem.
Na quinta-feira, quando foi tornada pública a terceira convocatória, o Ministério Público avisou que, caso o político não voltasse a comparecer, seria emitido o "respetivo mandado de detenção" por considerar que "se encontra em situação de risco de fuga".
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