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"Tenho muita pena de que estejamos a regressar a desequilíbrio externo"

O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho lamentou hoje que Portugal esteja "em véspera de regressar a um desequilíbrio externo", depois de ter conseguido inverter um ciclo de 50 anos "extremamente negativo".

"Tenho muita pena de que estejamos a regressar a desequilíbrio externo"
Notícias ao Minuto

18:30 - 03/07/19 por Lusa

Política Passos Coelho

"Conseguimos, a partir de 2013, e ao fim de 50 anos, interromper ciclos extremamente negativos de balança corrente com um défice que, na primeira década do Euro, praticamente duplicaram a dívida externa da economia portuguesa", disse em Leiria, onde falou num workshop do Fórum para a Competitividade.

"Tenho muita pena de que estejamos em véspera de regressar a um desequilíbrio externo em Portugal. Temos conseguido uma posição de funcionamento líquido positivo do ponto de vista da situação económica", mas "projeções feitas pelo Banco de Portugal apontam para que, a partir de 2020, senão já este ano, regressemos aos défices da balança corrente".

Nos últimos anos, prosseguiu, "tínhamos disponibilidades sobre o exterior e podíamos conduzir um 'desendividamento' de toda a economia a um ritmo mais significativo. Isso está à beira de se perder".

Segundo o ex-chefe do Governo PSD-CDS e economista, "há umas visões mais otimistas, que dizem que é por causa do investimento que isso vai acontecer e, portanto, é temporário e vai permitir no futuro a capacidade de exportar".

"Mas é apenas uma parte da conversa: a produtividade está a cair mais do que a dos nossos parceiros comerciais. E assim é muito difícil pensar que vamos ganhar mais quotas de mercado no médio prazo ou longo prazo, se se mantiverem estes diferenciais", acrescentou.

Em Leiria, Pedro Passos Coelho sustentou que "à primeira vista", e apesar de Portugal viver "com a ideia superficial" de ter as contas certas, "a situação estrutural continua frágil e vulnerável", o que "não é uma boa notícia".

Segundo o antigo governante, Portugal desaproveitou "a política monetária e o crescimento mais forte que os últimos anos ofereceram".

"Para Portugal, isso representou, nos últimos anos, praticamente dois terços da consolidação orçamental efetuada. Mas isso vem do ciclo e não foi devidamente aproveitado, nem para conseguir reformas estruturais, nem para encontrar mais espaço orçamental e reduzir os risco financeiros, olhando para potenciais crises futuras", concluiu.

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