Grupo chinês Huawei lança telemóvel com sistema operativo próprio
A Huawei apresentou hoje o seu primeiro telemóvel equipado com um sistema operativo desenvolvido inteiramente pela empresa tecnológica chinesa, num passo crucial na sua tentativa de contrabalançar o domínio dos líderes estrangeiros.
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O iOS da Apple e o Android da Google são atualmente utilizados na maioria dos dispositivos móveis.
A Huawei, alvo de sanções dos Estados Unidos, procura inverter a tendência com uma nova série de telemóveis inteligentes equipados com o seu sistema operativo, o HarmonyOS Next.
"Hoje, o muito aguardado Mate 70, o mais potente de sempre, está aqui", anunciou Richard Yu, presidente da divisão de consumo da empresa, numa conferência do grupo, a partir da sede em Shenzhen, no sul da China.
Este lançamento é um marco importante para a Huawei, que esteve algum tempo 'paralisada' pelas sanções norte-americanas, mas cujas vendas recuperaram nos últimos dois anos.
"A procura na China por um sistema operativo móvel que seja viável, escalável e que esteja largamente fora do controlo das empresas ocidentais foi longa", disse Paul Triolo, responsável pela China na consultora Albright Stonebridge Group, citado pela agência France Presse.
Mais de três milhões de aparelhos já foram pré-encomendados, de acordo com a plataforma de vendas 'online' do grupo chinês.
"O HarmonyOS é o primeiro sistema operativo desenvolvido internamente" e representa "um marco histórico nos esforços da China para reduzir a sua dependência do 'software' ocidental', disse Gary Ng, economista da Natixis, citado pela AFP.
Ao contrário das versões anteriores, concebidas com suporte Android, o HarmonyOS Next exige a adaptação das aplicações ao novo sistema operativo.
"As empresas chinesas estão prontas a investir para contribuir para este novo ecossistema da Huawei, mas a capacidade do HarmonyOS para fornecer o mesmo número de aplicações e funções aos consumidores de todo o mundo continua a ser um desafio", defendeu Gary Ng.
A Huawei está no centro da guerra tecnológica entre a China e os Estados Unidos, que afirmam que o equipamento chinês pode ser utilizado para fins de espionagem. Estas acusações são negadas por Pequim.
Desde 2019, as sanções, que proíbem o grupo de utilizar tecnologias e componentes norte-americanos, atingiram fortemente a produção de telemóveis da Huawei.
Este braço de ferro deverá intensificar-se com o regresso de Donald Trump à Casa Branca. O republicano prometeu aumentar drasticamente as taxas alfandegárias sobre produtos oriundos da China, em resposta ao que considera serem práticas comerciais desleais.
"Esta tendência para a autossuficiência no setor tecnológico chinês tornou possível o progresso da Huawei", disse Toby Zhu, analista da empresa de estudos de mercado Canalys.
Para Zhu, o sucesso deste novo produto será o principal indicador de que os esforços do grupo valeram a pena.
"Esta nova geração de produtos não pode falhar o alvo, pois as expectativas são consideráveis", acrescentou.
A Huawei era o maior fabricante de telemóveis da China até à eclosão do conflito tecnológico entre Pequim e Washington.
No terceiro trimestre de 2024, a Huawei representava apenas 16% das vendas no mercado chinês, com menos de 11 milhões de unidades vendidas, de acordo com a Canalys.
Mas não é certo que os criadores de aplicações aceitem investir na criação de novas versões compatíveis com o sistema da Huawei, disse Rich Bishop, diretor da AppInChina, que adapta 'software' estrangeiro para o mercado chinês.
Para os convencer, "a Huawei vai ter de melhorar constantemente o seu software, fornecer um apoio de melhor qualidade aos programadores e convencer a comunidade de programadores de que está determinada a assumir um compromisso a longo prazo no desenvolvimento do ecossistema HarmonyOS", afirmou Paul Triolo.
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