Lucros do Santander Totta crescem 70% para 1.030 milhões em 2023
O Santander Totta teve lucros consolidados de 1.030 milhões de euros em 2023, mais quase 70% do que em 2022, divulgou hoje o banco.
© Reuters
Economia Banco
Estes lucros são os maiores de sempre do Santander Totta em Portugal e para já não são conhecidos os dividendos a pagar ao acionista. O banco é detido pelo grupo bancário espanhol Santander, que esta semana apresentou também lucros históricos de 11.076 milhões de euros em 2023.
Segundo a apresentação de resultados, o resultado líquido recorrente (que exclui as mais-valias da venda de uma operação de seguros dentro do grupo) foi de 894,6 milhões de euros, neste caso mais 57% do que no período homólogo.
A margem financeira (diferença entre juros cobrados no crédito e juros pagos nos depósitos) quase duplicou para 1.491 milhões de euros, enquanto as comissões líquidas caíram 2,8% para 457 milhões de euros.
Nos custos, as despesas com pessoal subiram 8% para 284,5 milhões de euros (que o banco explica com aumentos salariais) e as outras despesas administrativas cresceram 2,3% para 181 milhões de euros.
Do lado do balanço, o crédito (bruto) subiu 3% para 44,6 mil milhões de euros. Enquanto o crédito à habitação caiu 4,7% para 22 mil milhões de euros, o que o banco justifica sobretudo com as amortizações antecipadas de créditos, os empréstimos a empresas e institucionais subiram 13,7% para 20,5 mil milhões de euros.
Apesar de o aumento das taxas de juro ter pressionado os clientes com crédito, o banco disse hoje que o malparado não é um problema e que fez no ano passado 55 mil reestrutuações de créditos à habitação (20% da carteira). O rácio de crédito problemático (rácio de 'non performing exposure' na expressão técnica em inglês) era de 1,7% em dezembro (2% em período homólogo).
Os depósitos caíram 5,4% face a 2022 para 35,2 mil milhões de euros, explicando o banco que os clientes usaram parte dos depósitos para amortizarem antecipadamente créditos, mas também por terem preferido aplicar o dinheiro em outros recursos (os recursos fora de balanço subiram 11% para 8,0 mil milhões de euros).
Quanto a indicadores de solidez, no fim de 2023, o rácio de capital CET1 subiu para 16,9% (16,3% em período homólogo).
Na apresentação dos resultados, hoje em Lisboa, o presidente do banco, Pedro Castro e Almeida, disse que os lucros recorde se devem ao aumento das taxas de juro, mas também à transformação comercial e digital feita nos últimos anos e considerou que um setor financeiro forte é "a primeira linha de defesa para futuro crescimento de um país".
O gestor considerou que "o número dos resultados dos bancos impressiona muito", mas que tal também se deve ao elevado capital investido no setor.
O gestor considerou que um banco, como qualquer empresa, não deve ser medido só pelos lucros, mas "pela contribuição para a sociedade", desde logo pelos impostos que paga, e que o Santander Totta "deve ser a empresa privada que mais impostos paga em Portugal".
Questionado sobre essa afirmação é um aviso para eventuais novas medidas sobre a banca, num momento de campanha eleitoral, o gestor disse que o banco "não dá respostas políticas", mas também se mostrou contrário a mais impostos.
"Quando nós já contribuímos com 5% do IRC [imposto sobre o lucro das empresas] em Portugal e quando temos o equivalente a uma taxa efetiva de 44%, penso que tudo o que for tirado daqui é menos crédito com que podemos ajudar a economia, é menos dividendos que podemos dar ao acionista e provavelmente levará à extinção de uma empresa", afirmou.
Questionado sobre como explica aos portugueses os lucros recorde quando há a perceção pública de muitos clientes bancários de que os bancos fazem dinheiro com os seus sacrifícios, Pedro Castro e Almeida disse que a quem deve explicações é sobretudo aos acionistas e aos clientes e que inquéritos feitos pelo banco revelam que a maior parte está satisfeita.
"Já expliquei que o que devemos à sociedade são os impostos que pagamos", vincou.
No fim de 2023, o Santander Totta tinha 332 agências, menos sete do que em 2022. Os trabalhadores eram 4.615, menos 27 em termos líquidos do que em 2022 (o que significa que saíram mais pessoas do que as que entraram).
Face ao final de 2019, o Santander Totta já diminuiu cerca de 1.500 trabalhadores, tendo hoje Pedro Castro e Almeida dito que na altura o banco tinha ficado com a atividade do Banif e do Banco Popular um quadro de pessoal excessivo e que nos últimos anos tem vindo a contratar centenas de jovens qualificados.
Em 2015, o Santander Totta (detido pelo Santander) comprou a atividade bancária do Banif por 150 milhões de euros. Em 2018, comprou por um euro o espanhol Banco Popular.
O Santander Totta tem um diferendo com o fisco em que reclama ao Estado, segundo o jornal 'online' Eco, quase 160 milhões de euros por impostos diferidos do Banif. Hoje, o banco explicou que é normal existirem divergências com as finanças e que esta é mais uma, ainda que de valor mais avultado, e que tem ganho a maior parte.
Quanto ao futuro, o presidente do Santander Totta antecipou que no primeiro trimestre o banco ainda deverá ter "boa rentabilidade" mas que essa abrandará ao longo do ano, acompanhando a previsível descida das taxas de juro, e que o ano de 2025 será de "desafios grandes" para os bancos.
[Notícia atualizada às 20h13]
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