Grande Baía permite "acesso mais alargado, mais natural" a mercado maior
O ministro da Economia disse hoje à Lusa que, do ponto de vista das empresas portuguesas, a entrada na região chinesa da Grande Baía, que inclui Macau, permite um "acesso mais alargado, mais natural a um mercado maior".
© Pedro Correia / Global Imagens
Economia Pedro Reis
A Grande Baia é um projeto de Pequim que visa criar uma metrópole mundial a partir de Hong Kong, Macau e nove cidades da província de Guangdong (Guangzhou, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing), com mais de 60 milhões de habitantes.
Notando que este é "um mercado com uma dimensão equivalente ou até um pouco maior que a própria Ibéria", Pedro Reis considerou que, "havendo articulação de projetos, proximidade geográfica e intencionalidade do lado da China", para as empresas portuguesas de Macau trata-se de um "acesso mais alargado, mais natural a um mercado maior".
Realçou, porém, que o contacto com o outro lado da fronteira, não pretende atingir a "especificidade e a identidade de Macau", mas alargar "o seu espaço natural e mercado próximo".
"Não é ver uma alteração de paradigma, é haver um alargamento do espaço natural que se tem acesso entrando via Macau, que me parece sempre um privilégio para as empresas portuguesas existir esta relação tão antiga".
Relativamente a áreas que possam interessar ao tecido empresarial português, o ministro referiu que agentes económicos têm apontado diferentes setores, nomeadamente o das infraestruturas, como "projetos de reciclagem, de pontes, hospitais, construção", além da agropecuária e da tecnologia.
"Seria interessante, havendo aqui interesse e abertura para receber as nossas empresas tecnológicas mais desenvolvidas ou patentes ou 'startups', talvez agarrar a praça financeira importante da Grande Baía para acelerar o financiamento desses projetos, não é tanto o setor financeiro, mas o financiamento dos projetos", disse o responsável, que se encontra em Macau em representação do Governo português na sexta conferência ministerial do Fórum de Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, conhecido como Fórum de Macau.
Outro setor "muito apontado" como uma "aposta futura e robusta" é "todo o 'cluster' da saúde", acrescentou o responsável, salientando a presença em Macau de "empresas fortíssimas", nomeadamente farmacêuticas "e até do desenvolvimento de novas moléculas".
"Interessante também para Portugal que tem apostado muito na biotecnologia", lembrou.
A farmacêutica portuguesa Hovione, fundada em 1959 e estabelecida em Macau desde os anos 1980, recebeu em janeiro a medalha de Mérito Industrial e Comercial do Governo de Macau, por ocasião do 24.º aniversário da transferência do território para a China.
Nessa altura, o Governo local referiu que a expansão do negócio da Hovione "no mercado asiático está já a aproveitar as oportunidades proporcionadas pelo desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin", contribuindo para o desenvolvimento da diversificação económica local.
A Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin é outro projeto lançado por Pequim, em 2021, gerido conjuntamente pela província de Guangdong e Macau, com uma área de cerca de 106 quilómetros quadrados e uma população de mais de 53 mil habitantes.
O Fórum de Macau integra, além da China, nove países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Cinco conferências ministeriais foram realizadas no território em 2003, 2006, 2010, 2013 e 2016, durante as quais foram aprovados Planos de Ação para a Cooperação Económica e Comercial.
Inicialmente prevista para 2019, a sexta conferência ministerial, que termina terça-feira, foi adiada para junho de 2020, devido às eleições para o parlamento de Macau, mas com a pandemia da covid-19 acabou por não se realizar.
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