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Banco Mundial suspende financiamento de projeto turístico na Tanzânia

O Banco Mundial anunciou hoje que suspendeu o financiamento de um projeto turístico e ecológico na Tanzânia, na sequência de acusações de violações dos direitos humanos.

Banco Mundial suspende financiamento de projeto turístico na Tanzânia
Notícias ao Minuto

20:50 - 23/04/24 por Lusa

Economia Tanzânia

O Projeto de Gestão Resiliente dos Recursos Naturais para o Turismo e o Crescimento (REGROW) foi criado para melhorar a gestão dos recursos naturais e dos locais turísticos no sul da Tanzânia, de acordo com o Banco Mundial.

Mas o Oakland Institute, um grupo de reflexão sediado nos EUA, levantou, no ano passado, acusações de despejos forçados e de violações dos direitos humanos sofridas pelas comunidades que vivem perto do Parque Nacional de Ruaha, que o Governo planeia expandir como parte do projeto.

O Banco Mundial disse estar "muito preocupado com as acusações de abuso e injustiça" relacionadas com o REGROW.

"Os projetos que financiamos são concebidos para apoiar os meios de subsistência das pessoas mais pobres e vulneráveis e temos políticas fortes para identificar e evitar consequências adversas", escreveu um porta-voz num correio eletrónico enviado à AFP.

"Recebemos recentemente informações que sugerem uma violação da nossa política na implementação do projeto REGROW. Decidimos, portanto, suspender todos os desembolsos futuros com efeito imediato", disse a mesma fonte.

O Oakland Institute afirmou, num comunicado, que o projeto afetou dezenas de milhares de habitantes da Tanzânia e que o financiamento do Banco Mundial "abriu caminho a violações dos direitos humanos em grande escala" nas comunidades que vivem perto de Ruaha.

De acordo com aquele grupo de reflexão, o Governo da Tanzânia está a planear retirar à força mais de 20 mil pessoas para alargar o parque, e foram documentados casos de "violência em grande escala e apreensões de gado" por parte dos guardas florestais.

"A decisão tardia do Banco Mundial de suspender este projeto perigoso é um passo crucial para a responsabilização e a justiça", afirmou Anuradha Mittal, diretora executiva do Oakland Institute, citada no comunicado de imprensa.

"Envia uma mensagem forte ao Governo tanzaniano de que há consequências para as repetidas violações dos direitos humanos em todo o país em nome do turismo", acrescenta.

O país da África Oriental é conhecido pelos seus espetaculares parques naturais, como o Serengeti, e também possui o Kilimanjaro, o pico mais alto de África, bem como ilhas no oceano Índico, incluindo Zanzibar.

O setor do turismo gerou 3,37 mil milhões de dólares (3,14 mil milhões de euros) em 2023, com um aumento de 24% das chegadas de estrangeiros, de acordo com dados oficiais.

Leia Também: Pelo menos 66 mortos na Tanzânia em abril devido às fortes chuvas

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