"Miguel Esteves Cardoso não é uma pessoa deste tempo"
Luís Osório falou sobre um colega em mais um dos seus textos de opinião.
© Global Imagens
Miguel Esteves Cardoso é o protagonista do mais recente texto de opinião de Luís Osório, partilhado nas redes sociais. Nesta nova publicação, o escritor fala do seu colega de profissão, deixando-lhe muitos elogios.
"Acaba de ser lançado um livro que reúne as crónicas de Miguel Esteves Cardoso que nunca tinham sido publicadas. 'Independente Demente' é um acontecimento editorial. Como já fora um acontecimento a reedição pela Bertrand de 'A Causa das Coisas' e 'Os Meus Problemas' Três livros que celebram a inteligência e uma ideia de liberdade num país que, demasiadas vezes, tem ideias muito estreitas sobre a liberdade", começou por dizer.
"Sendo associado à direita, monárquico muitas vezes e libertário outras, Miguel Esteves Cardoso ajudou o país a pensar sobre si próprio. E ajudou-me a mim, e a muitos miúdos de esquerda, no reconhecimento de uma marca que em si era evidente, a marca mais forte entre todas as que carregava no seu corpo largo, a do respeito pela diferença. Muito poucos na sua geração, e em todas as gerações, pensaram Portugal através dos nossos tiques, dos pequenos gestos e angústias, dos defeitos e virtudes, das pulhices e generosidade", acrescentou.
Luís Osório escreveu também que Miguel Esteves Cardoso foi "na maior parte da sua vida um cirurgião do que somos". "Foi capaz de operar o país e de lhe fazer uma radiografia que é hoje tão válida como era há 40 anos. Portugal é a sua doença preferida. Que ele analisou, compreendeu e diagnosticou. Uma doença ainda assim incurável. Para bem dos nossos pecados – se fosse curável correríamos o risco de ele deixar de escrever, seria uma pena e uma perda para mim e para ti se o lês", notou também.
Já perto do fim, Luís refere que o colega "não é uma pessoa deste tempo", dado que ele "gosta de gostar". "Nasceu e viveu em função do prazer de estar aqui. De dizer bem, de dizer que amava, de dizer que aquele sabor é maravilhoso, que aquela voz é prodigiosa, que aquele plano o marcou, que aquela atriz o arrebatou. Ah, e escreve maravilhosamente", pode ler-se ainda.
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