Com a chegada da terceira idade, é imprescindível manter uma mente saudável. É pois desta forma que se garante a qualidade de vida bem como “elevados níveis de satisfação pessoal, ocupacional e social” aponta a psiquiatra Sandra Neves, da Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra, que vê esta necessidade como forma de prevenção a certas doenças psiquiátricas não diagnosticadas que ao não serem tratadas resultam num enorme obstáculo para a concretização dos próprios objetivos de vida.

“Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2025 existirão aproximadamente 1,2 mil milhões de pessoas com mais de 60 anos em todo o mundo, sendo a faixa etária com maior crescimento. Isto deve-se à redução das taxas de natalidade, assim como ao aumento da esperança média de vida, proporcionada pelos avanços tecnológicos em diversas áreas científicas” refere a especialista que justifica assim o facto de o envelhecimento ser um tema que desperta cada vez mais atenção dos profissionais de saúde de diferentes áreas.

São várias as especialidades a abranger neste ponto pois o envelhecimento acarta alterações não só a nível biológico mas também psicológico e social. E é nestes dois últimos que Sandra Neves se foca, tendo sempre como base uma visão positiva, já que olha o avançar da idade como “uma fase de maior maturidade e experiência de vida. No fundo, trata-se apenas de dar continuidade ao processo de desenvolvimento que já acontece em cada um de nós desde que nascemos, tentando viver intensamente cada fase da vida, bem como aceitando e processando as mudanças inevitáveis. Envelhecer bem faz com que valorizemos os ganhos e aceitemos as eventuais perdas, tentando manter a sensação de bem-estar no dia a dia”, conclui.

Envelhecer bem faz com que valorizemos os ganhos e aceitemos as eventuais perdas, tentando manter a sensação de bem-estar no dia a diaPara que o processo de aprendizagem seja constante e não estagne, é essencial que se criem ‘reservas cognitivas’, ou seja, atividades que estimulem continuamente as capacidades da mente: apostar na leitura, treinos de memória, atividades manuais ou mesmo o convívio com outras pessoas será a melhor forma de o conseguir.

Dentro destas atividades, as de cariz social não podem ser descredibilizadas. A sua presença é fundamental para prevenir diversos problemas. Contudo, Sandra Neves reconhece que “o problema da solidão não nos é alheio, sobretudo nas grandes cidades, onde apesar de existirem tantas pessoas, é possível viver e morrer completamente só. É indispensável pensarmos na integração em grupos de suporte para pessoas isoladas, viúvas, pessoas idosas com deficiência motora, cognitiva ou outra e, em certos casos, procurar o aconselhamento de profissionais de saúde mental, serviço social ou terapeutas ocupacionais.”

A nível da alimentação, importa também atentar que as necessidades nutricionais também mudam com o tempo a começar pela quantidade, que tende a ser menor, o que obriga a que o que se coma seja nutricionalmente completo e que nunca se descure da hidratação.

Por fim, ser ativo. Este é o terceiro ponto que a psiquiatra aponta, referindo que pelo menos 30 minutos de exercício físico aeróbio diário é essencial. Caminhar rápido, correr ou andar de bicicleta ou natação são alguns exemplos “de valor inestimável para a saúde e bem estar de qualquer idade, que contribuem para a redução dos riscos de doenças, controlo do peso, melhoria do humor,  maior independência e mais interação social”, refere.