Detetados 15 novos biomarcadores para demência (e possíveis tratamentos)
Num estudo que envolveu mais de 13 mil pessoas, biomarcadores contribuíram para detetar um maior risco de demência até 20 anos antes da manifestação dos primeiros sintomas da doença degenerativa do cérebro, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.
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Segundo um artigo publicado na revista Galileu, a beta amilóide (Aβ) e a tau são as proteínas mais conhecidas pela sua correlação a um risco aumentado de demência, no entanto não são as únicas.
Num estudo divulgado no jornal científico Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer's Association e citado pela Galileu, investigadores descobriram 15 biomarcadores adicionais que, em testes que envolveram 13.657 pessoas, conseguiram prognosticar o declínio cognitivo e a consequente subida do risco de demência até duas décadas previamente à manifestação da patologia cerebral.
O estudo investigou correlações entre aproximadamente cinco mil proteínas presentes no plasma sanguíneo e o risco de incidência da doença num grupo de doentes britânicos, cujas primeiras amostras de sangue foram recolhidas há mais de três décadas. Posteriormente, os dados apurados foram duplicados numa segunda coorte composta por norte-americanos.
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Sendo que os investigadores mapearam 15 proteínas no plasma dos participantes associadas ao risco aumentado para demência, ainda nos estágios iniciais da degeneração neuronal.
Segundo a pesquisa, refere a revista Galileu, essas proteínas estão associadas a um ou mais sistemas e processos biológicos, como em disfunções no sistema imunológico, na rutura da barreira hematoencefálica (BBB), em doenças vasculares e na resistência central à insulina. Enquanto outras (SAP3, NPS-PLA2, IGFBP-7, MIC-1, TIMP-4, OPG, TREM2 e pro-BNP N-) já foram relacionadas com demência em estudos de controle prévios, trata-se da primeira ocasião em que sete delas (SVEP1, HE4, CDCP1, SIGLEC-7, MARCKSL1, CRDL1 e RNAS6) são associadas à patologia degenerativa do cérebro.
Os investigadores escreveram: "até onde sabemos, este é o maior estudo de todo o proteoma [conjunto de proteínas presentes em uma célula quando está sujeita a um estímulo] com resultados replicados em associações de longo prazo entre proteínas plasmáticas, declínio cognitivo e risco de demência até ao momento".
"O nosso plano de pesquisa leva explicitamente em consideração a longa fase pré-clínica da demência, quando ela ainda pode ser evitada".
O estudo publicado revelou ainda que seis das 15 proteínas detetadas podem ser alteradas com fármacos atualmente disponíveis, no entanto que não foram originalmente desenvolvidos para o tratamento da demência. Consequentemente, os especialistas sublinham que a utilização desses medicamentos para tratar a patologia terá que ser ainda avaliada.
Joni Lindbohm, principal autor do estudo e investigador da Universidade de Helsinkin, na Finlândia, disse num comunicado emitido à imprensa, que a equipa irá agora analisar se as proteínas descobertas têm um associação causal com a demência e se são suscetíveis de modificação e drenagem. Lindbohm salienta que as duas fases serão cruciais para que o grupo consiga potencialmente encontrar novos alvos de fármacos para a prevenção da demência.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em todo o mundo existam 47.5 milhões de pessoas com demência.
Em Portugal, tendo como referência os dados da Alzheimer Europe, avalia-se que existam mais de 193 mil e 500 pessoas que sofram da doença.
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