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Sissoco Embaló descarta mediação da CEDEAO e retira Ecomib se for eleito

O candidato às presidenciais da Guiné-Bissau Umaro Sissoco Embaló disse que se for eleito Presidente vai acabar com a mediação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e retirar a sua força militar do país.

Sissoco Embaló descarta mediação da CEDEAO e retira Ecomib se for eleito
Notícias ao Minuto

09:30 - 19/12/19 por Lusa

Mundo Sissoco Embaló

"Com a minha eleição, já não haverá mediação e sobretudo de um Presidente que é um Presidente assassino", disse, em entrevista à agência Lusa, referindo-se ao Presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, que tem mediado a crise política na Guiné-Bissau.

A CEDEAO tem mediado a crise política na Guiné-Bissau desde 2016, tendo nomeado o Presidente Alpha Condé, que tem sido criticado pela oposição guineense pela forma como tem reprimido manifestações contra uma alteração à Constituição daquele país para cumprir um terceiro mandato.

"Para mim seria uma ofensa à Nação guineense, um Presidente que deu golpe constitucional no país, mudar a Constituição para fazer um terceiro mandato, um homem já de 90 anos, não tem moralidade para ser mediador na Guiné-Bissau", afirmou Umaro Sissoco Embaló.

"A minha posição será perentória em relação à mediação. Uma vez fechado o ciclo eleitoral da Guiné-Bissau", afirmou, salientando que respeita todas as organizações internacionais e regionais, mas que o relacionamento terá com base o "respeito mútuo".

Segundo o candidato apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem G15), "a Guiné-Bissau não será província, porque é uma Nação, é um Estado", disse.

Se for eleito Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló afirmou que vai "pagar as quotas" para ter voz e o país ser "respeitado no concerto das Nações".

"Assim que tomar posse vou agradecer a mediação da CEDEAO e exigir a retirada da Ecomib. Aqui não temos crise e quero ajudar os nossos irmãos do Burkina-Faso e do Níger na luta contra o terrorismo", salientou.

A CEDEAO tem estacionada uma força de interposição na Guiné-Bissau desde 2012, na sequência de um golpe de Estado.

Questionado sobre como vai ser a sua relação com o Senegal, tendo em conta a proximidade que tem com o Presidente senegalês, Macky Sall, o major-general disse que essa relação é mais "benéfica" para a Guiné-Bissau.

Considerando que "o Senegal é um país emergente", referiu que a sua relação com Macky Sall "vai contribuir de muitas formas para elevar a voz da Guiné-Bissau. É uma pessoa que sempre tratou bem a Guiné-Bissau. Sempre apoiou a Guiné-Bissau e não é de hoje".

"O alcance diplomático, a credibilidade do Senegal é uma coisa estrondosa e nós temos de aproveitar isso, a formação, o apoio. O Senegal será um parceiro estratégico, tal como a Guiné-Conacri", salientou.

Sobre o acordo de exploração da zona económica conjunta com o Senegal, Umaro Sissoco Embaló disse que é para ser revisto e referiu que quando era primeiro-ministro o Presidente senegalês lhe garantiu que iria ser dividida igualmente.

A Guiné-Bissau e o Senegal tinham assinado um acordo de exploração de recursos haliêuticos e de hidrocarbonetos, a que o Presidente cessante, José Mário Vaz, renunciou quando tomou posse, em 2014.

O acordo prevê que a exploração dos recursos haliêuticos seja dividida em 50% por cada um dos Estados e que os hidrocarbonetos (petróleo e gás), ainda em fase de prospeção, serão divididos em 15% para a Guiné-Bissau e 85% para o Senegal.

Os dois países criaram uma comissão negocial, mas ainda não fecharam um acordo.

Em relação a Portugal, o antigo primeiro-ministro afirmou que tem uma excelente relação e defendeu que representa uma "porta de entrada para todos os países da União Europeia", tal como a Guiné-Bissau representa para Lisboa uma "porta de entrada estratégica para a CEDEAO".

"Sempre que for convidado para ir a França, qualquer país da União Europeia, tenho de concertar com Portugal. Isso é uma questão estratégica. E Portugal também. Não podem ir para o Senegal, Costa do Marfim ou Nigéria sem concertar connosco. Vamos funcionar como representação de Portugal na CEDEAO e Portugal como da Guiné-Bissau junto da União Europeia. Temos de ter uma relação recíproca e de confiança e isso quer o quê? Quer respeito", afirmou.

Mais de 760 mil eleitores guineenses escolhem no dia 29 de dezembro o próximo Presidente do país entre Sissoco Embaló e Domingos Simões Pereira na segunda volta das eleições presidenciais.

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