Poucas capitais são tão isoladas como Juneau, o centro legislativo do estado norte-americano do Alasca. Numa medida pensada para facilitar o trabalho dos congressistas estatais, um edifício foi 'dado' ao estado para albergar os deputados em altura de sessões especiais, mas o comité que supervisiona assuntos legislativos tomou a impopular decisão de impedir que animais de estimação acompanhem os parlamentares.

A decisão sobre os apartamentos para deputados, tomada por líderes na Câmara e no Senado estatais, surge dois meses antes do início da nova sessão legislativa no Alasca.

É importante, primeiro, perceber as particulares dificuldades de governar o Alasca. Localizado no extremo noroeste da América do Norte, a oeste da fronteira do Canadá, o Alasca é apenas um de dois estados norte-americanos não-contíguos ao território principal, a par do Havai.

Uma das principais características do Alasca, além da sua beleza natural e vasta biodiversidade, é também a sua exclusão do resto da sociedade norte-americana ou até canadiana. Apesar de ser o maior estado dos Estados Unidos da América em área, sendo maior do que a Califórnia e o Texas juntos, é também o estado menos densamente povoado e o terceiro menos povoado no total, com uma população inferior a 740 mil habitantes.

Isto deixa a governação da região, na prática, complicada. Juneau, que é a segunda maior cidade dos EUA em área (a primeira é Sitka, a antiga capital), é a única capital estatal sem qualquer estrada a conectá-la ao resto da América do Norte devido à difícil e íngreme geografia da cidade, o que faz com que única forma de chegar a Juneau seja por ar ou por mar.

Dos 60 congressistas da próxima legislatura, apenas 3 vivem fora de Juneau. Estes congressistas, que provêm de várias zonas do Alasca onde há comunidades e tribos nativas, têm de competir por alojamento com os vários turistas que chegam à região - este ano, já visitaram Juneau 1,6 milhões de turistas via cruzeiros de passageiros, que chegam à cidade entre abril e outubro.

Em alturas de sessões especiais do Congresso, especialmente para a aprovação de orçamentos ou de medidas legislativas mais complexas, tem-se tornado cada vez complicado para os congressistas em ficar em Juneau, obrigando-os por vezes a colocar os seus apartamentos a alugar para pagar a despesas de ficar mais uns dias na capital.

Portanto, a decisão do congresso estatal de conseguir alojamento acessível e próximo do berço legislativo do Alasca revelou-se muito importante para os deputados, com a Associated Press a citar a diretora executiva da agência de assuntos legislativos, que afirmou que o custo da renda dos apartamentos em 2024 deverá cobrir os custos de manutenção do edifício. O edifício onde vão ficar os deputados foi doado pela Fundação Comunitária de Juneau, uma entidade privada, que optou por facilitar de forma independente o trabalho dos parlamentares. O prédio, localizado ao lado do Capitólio estatal, foi convertido num edifício habitacional - antes era usado para testes à Covid-19 e para escritórios.

No entanto, apesar dos avanços para ajudar os congressistas na próxima legislatura e apesar do Alasca ser muito conhecido pela sua enorme diversidade animal, das mais ricas em toda a América do Norte, infelizmente, os amigos dos deputados vão ficar do lado de fora da porta pois um rascunho da medida prevê que a entrada de animais de estimação obrigue a uma aprovação.

Uma senadora democrata, Jesse Kiehl, disse que vários deputados manifestaram interesse em trazer os seus animais de estimação. No entanto, outros contestam a ideia como potencialmente disruptiva - um congressista republicano de Anchorage, Craig Johnson, alertou que animais de estimação podem fazer barulho e há quem seja alérgico.

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