Lula e Sánchez confiantes no acordo Mercosul-UE apesar da oposição
O presidente brasileiro, Lula da Silva, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, mostraram-se hoje confiantes na assinatura do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, apesar da oposição francesa.
© Lusa
Mundo Mercosul-UE
"Estamos prontos para firmar o acordo com a União Europeia", afirmou Lula da Silva, numa conferência de imprensa no Palácio do Planalto, em Brasília, ao lado de Pedro Sánchez, depois do encontro que mantiveram à porta fechada.
O presidente brasileiro lamentou que o acordo não tenha sido assinado durante as presidências brasileira e espanhola dos seus respetivos blocos no segundo semestre de 2023.
"O que acontece é que França traz um problema em relação com os seus produtores agrícolas", disse, ressalvando, contudo, que "a União Europeia não depende do voto da França para fazer o acordo".
Depois de minimizar a importância da oposição do Governo francês às negociações com o bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia, Lula da Silva afirmou que "a União Europeia precisa desse acordo", assim como o Mercosul, e que é necessário "dar um sinal para o mundo" de que as duas organizações querem "andar para a frente".
Na mesma linha, Pedro Sánchez afirmou que a Europa, "depois da guerra na Ucrânia, aprendeu a lição de que é preciso encontrar novos parceiros, diversificar as relação políticas, económicas e empresariais".
"Para a União Europeia, seria espetacular ter um acordo", porque vai "promover uma mudança na geopolítica global", frisou.
"Não só estaria a ser criada a maior área de intercâmbio comercial do mundo, mas também estão a ser unidas duas regiões que têm visões muito interessantes para enfrentar os desafios globais", disse.
A UE e o Mercosul têm mantido um contacto regular no sentido de conseguirem concluir as negociações, nomeadamente em questões como os compromissos ambientais, após um primeiro aval em 2019, que não teve seguimento.
Apesar disso, Espanha e o Brasil prosseguem no reforço das suas relações bilaterais, garantiram os dois líderes, não fosse Espanha, atrás dos Estados Unidos, o segundo maior investidor consolidado no Brasil com presença nos setores energético, bancário, de telecomunicações, de seguros, entre outros.
Lula da Silva dirigiu-se a Pedro Sánchez falando em "oportunidades que se abrem na área de infraestrutura e sustentabilidade, com o novo programa de aceleração de crescimento e com o programa de neo industrialização".
" [O] potencial do Brasil é ilimitado para geração de energia a partir de fontes limpas como o biocombustível eólico, solar e hidrogénio verde", disse.
O chefe do Governo espanhol celebrou o facto de terem sido hoje assinados vários memorandos de entendimento, em especial nas áreas científica, tecnológica, da inovação, pesquisa de saúde e telecomunicações.
"Espanha é um destino fundamental na internacionalização das empresas latino americanas", afirmou, acrescentando que o "Brasil é um destino muito atrativo para as empresas espanholas" em várias áreas, em especial da transição energética.
Sánchez deslocar-se-á ainda hoje ao parlamento, onde visitará uma exposição sobre o violento assalto que milhares de militantes de extrema-direita lançaram em janeiro de 2023 às sedes dos três poderes, numa tentativa de derrubar o Governo de Lula.
A agenda de Sánchez em Brasília começou no início do dia, com um encontro com um grupo de empresários espanhóis que operam no Brasil.
O seu último compromisso em Brasília será uma visita ao Museu dos Povos Indígenas, partindo depois para São Paulo, onde na quinta-feira participará num fórum empresarial.
O primeiro-ministro espanhol segue depois para o Chile, onde será recebido na sexta-feira pelo presidente chileno, Gabriel Boric.
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