Diáspora científica europeia une-se para defender direitos pós-Brexit
O número de cientistas e estudantes europeus no Reino Unido decresceu desde o 'Brexit', mas várias associações representativas da diáspora científica, incluindo a portuguesa, uniram-se numa plataforma comum para ter influência junto do Governo britânico.
© Reuters
Mundo Reino Unido
O projeto CONNECTS-UK reúne há cerca de um ano organizações de estudantes e investigadores da Finlândia, França, Itália, Países Baixos, Polónia, Portugal e Espanha no Reino Unido, marco assinalado hoje no terceiro encontro anual das Diásporas Científicas Europeias, que decorreu na Embaixada portuguesa em Londres.
No ano passado o projeto recebeu um financiamento superior a meio milhão de euros para dois anos pela Comissão Europeia para promover interações entre as comunidades científicas da União Europeia (UE) e do Reino Unido.
Para a vice-presidente para os Assuntos Externos e a Diplomacia Científica da Associação Portuguesa de Investigadores e Estudantes no Reino Unido (PARSUK), Ana Valadas, esta é uma forma de se fazerem ouvir junto das instituições britânicas ligadas à educação e à ciência.
"Nós somos efetivamente a voz dos nossos estudantes investigadores, não só dos portugueses, mas dos europeus, em termos de quais devem ser as nossas prioridades em termos de direitos e em termos de 'guidance' [orientação] que todos precisarão para vir para o Reino Unido nesta era pós-Brexit", afirmou hoje à agência Lusa.
A responsável falava à margem do terceiro encontro anual das Diásporas Científicas Europeias, hoje realizado na Embaixada de Portugal em Londres, e que também celebrou o primeiro aniversário da plataforma CONNECTS-UK.
Durante o evento esta tarde, o conselheiro para a ciência e a investigação da delegação da UE no Reino Unido, Cyril Robin-Champigneul, revelou estimar-se que existem cerca de 37.500 cientistas e académicos europeus no Reino Unido.
No entanto, a percentagem entre a totalidade da comunidade científica britânica terá baixado para 15,5% depois da saída do Reino Unido da UE, votado num referendo em 2016 e concretizado em 2020.
O número de estudantes europeus nas universidades britânicas também caiu cerca de 40%, de uma média de 150 mil anual antes do Brexit para 95.000 no ano académico 2022/23.
"Ainda somos um número considerável, ainda somos uma força, e, se estivermos unidos, há muitas coisas que podemos fazer para mostrar aos nossos amigos do Reino Unido a importância de todas estas mentes europeias brilhantes no sistema de investigação e inovação britânico", vincou o diplomata.
O decréscimo nos números deve-se à maior complexidade na entrada de estudantes e investigadores, que necessitam de visto e de mais burocracia comparando com quando existia liberdade de circulação de europeus no Reino Unido.
Robin-Champigneul adiantou que estas questões têm sido discutidas em "conversas construtivas" com as autoridades britânicas.
"Não posso prometer-vos que terão algo para o Natal, e vai demorar algum tempo, porque qualquer questão como esta, relacionada com a imigração, é extremamente sensível atualmente. Mas esperamos fazer alguns progressos" em 2025, revelou.
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