MSF pede "políticas dignas" para migrantes que tentam chegar aos EUA
A organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) apelou esta quinta-feira, na Cidade do México, a "políticas migratórias dignas e seguras" face ao "desespero e abandono" dos migrantes que pretendem chegar aos Estados Unidos.
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A MSF apresentou um relatório sobre "as devastadoras consequências médicas e humanitárias" das políticas restritivas de migração na América Central e no México, bem como na fronteira sul dos Estados Unidos.
A ONG assinalou o "aproveitamento político" da situação dos migrantes "para ganhar votos em sociedades cada vez mais hostis aos estrangeiros", enquanto decorrem este ano eleições presidenciais no México e depois nos Estados Unidos.
"O ano [de 2023] foi marcado por números históricos de fluxos migratórios na região, com mais de 520 mil pessoas atravessando a floresta de Darién", porta de entrada para a América Central entre a Colômbia e o Panamá.
No seu relatório, a MSF regista "mais de 67.000 consultas de saúde primária e psicossocial entre Honduras, Guatemala e México em 2023", um aumento de 21% em relação a 2022. E de 36% no que diz respeito a crianças menores de cinco anos.
Problemas respiratórios, de pele e diarreia são os principais problemas de saúde enfrentados pelos migrantes.
Os problemas de saúde mental também são importantes: "De quase 3.800 consultas em Honduras, Guatemala e México, 48% foram diagnosticados principalmente com stresse agudo, seguido por casos de depressão (12%), ansiedade (11%) e transtorno de stresse pós-traumático (11%)".
A MSF denunciou também "a violência física e os sequestros" praticados contra migrantes, citando "230 casos de violência com 775 vítimas, incluindo 52% mulheres e 22% crianças e adolescentes".
"Na Guatemala (...) mais de 150 pessoas dizem que voltaram do México por causa da violência sofrida lá", apontou a ONG.
"É urgente que cada Estado -- seja de origem, de trânsito ou de destino -- assuma as suas responsabilidades na gestão desta crise", insistiu a associação médica humanitária criada em 1971 em França e que atua em mais de 70 países.
O vice-chefe da missão de MSF no México, Camilo Velez, sublinhou à agência France-Presse (AFP) as inadequações da política migratória americana.
"Pedimos que aumentem o número de 1.450 consultas diárias", explicou, avançando o número de quase 500 mil pessoas bloqueadas no ano passado na fronteira sul dos EUA, onde os migrantes têm de apresentar o seu pedido de asilo a pedido ao Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA.
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