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Famílias no Sudão comem erva para sobreviver à crise alimentar

Famílias no Sudão estão a comer erva para sobreviver à crise alimentar crescente que se vive no país, com quatro por cento da população a necessitar urgentemente de alimentos, alertou hoje a organização não-governamental Save the Children.

Famílias no Sudão comem erva para sobreviver à crise alimentar
Notícias ao Minuto

11:59 - 22/10/24 por Lusa

Mundo ONG

"As crianças sudanesas estão a sobreviver às bombas e às balas, mas correm o risco de passar fome e de contrair doenças. Sabemos que as taxas de desnutrição das crianças com menos de 5 anos no Sudão estão entre as mais elevadas do mundo, mas o aumento das taxas de desnutrição aguda geral é o mais recente sinal de que os bebés vão pagar o preço mais elevado neste conflito", afirmou o diretor interino da Save the Children para o Sudão, Mohamed Abdiladif, num comunicado.

 

Mohamed Abdiladif apelou também à comunidade internacional para que "tome medidas políticas urgentes e estabeleça um cessar-fogo imediato e progressos significativos no sentido de um acordo de paz duradouro".

A taxa global de desnutrição aguda (GAM), uma medida do estado nutricional de uma população, é "extremamente" elevada, de acordo com a ONG, o que conduziu a um "risco elevado" de fome pela primeira vez desde o início da guerra. Em algumas zonas do país, como o campo de deslocados de Zamzam, a fome já foi declarada, afetando cerca de 500.000 pessoas.

De acordo com inquéritos recentes, a crise atingiu uma população mais vasta, com taxas de subnutrição superiores a 30% da população com menos de cinco anos.

De acordo com os dados divulgados pela organização Save the Children, mais de 12 milhões de pessoas fugiram das suas casas desde o início do conflito em abril de 2023, o que faz do Sudão a maior crise de deslocação interna do mundo.

Mais de cinco milhões de crianças foram afetadas e mais de 20.171 pessoas, incluindo crianças, morreram desde o início do conflito.

Uma das especialistas em nutrição da Save the Children em Darfur, uma cidade no oeste do país africano, disse que, nos centros de saúde da cidade, tem visto crianças "com um visível definhamento e complicações médicas, como febre alta, vómitos intratáveis, falta de apetite e muita letargia".

"Uma mãe de quatro filhos, de 23 anos, veio ao centro de saúde com o seu filho de 17 meses que apresentava sinais de malnutrição grave. Quando foi pesada, a criança pesava apenas 5,2 kg, o peso médio de um bebé de dois meses", alertou.

A guerra no Sudão eclodiu em abril de 2023 devido a divergências entre o exército e os paramilitares sobre a inclusão destes últimos no poder que emergiu após o golpe de Estado de 2021 naquele país, que pôs fim à tentativa de democratização do Estado após o derrube do antigo Presidente Omar al-Bashir, em 2019.

O conflito causou cerca de 20 mil mortos, 33 mil feridos, 7,9 milhões de deslocados internos e 2,1 milhões de refugiados noutros países, segundo as Nações Unidas.

Leia Também: Dez países ocidentais apelam à entrada de ajuda humanitária no Sudão

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