"Não há manteiga sem canhões. Não há estado social se não houver Estado"
O chefe do Estado-Maior da Armada remeteu para o poder político uma eventual renovação do seu mandato, numa entrevista em que alertou que "não há estado social se não houver Estado", no qual se incluem as Forças Armadas.
© Paulo Spranger /Global Imagens
País Gouveia e Melo
Em entrevista à agência Lusa, a propósito dos dois anos desde a sua nomeação como CEMA, assinalados hoje, o almirante Henrique Gouveia e Melo vincou que está "única e exclusivamente preocupado" em cumprir a sua atual função.
Questionado sobre uma eventual prorrogação do mandato, Gouveia e Melo respondeu que "isso envolve o que o poder político quiser", e sublinhou que conta com mais um ano até terminar o mandato e quer levar avante o que ainda não conseguiu fazer nos dois primeiros anos.
O almirante Henrique Gouveia e Melo, 63 anos, tomou posse como chefe do Estado-Maior da Armada em 27 de dezembro de 2021 e termina o seu mandato de três anos em dezembro de 2024. Os mandatos dos chefes militares podem ser prorrogáveis por dois anos.
Nesta entrevista à Lusa o almirante foi ainda questionado sobre a dicotomia que por vezes contrapõe investimentos na Defesa ou no Estado Social, com Gouveia e Melo a responder que "não há manteiga sem canhões".
"Não há estado social organizado se não houver Estado. E o Estado são as Forças Armadas e as forças de segurança como base estruturante desse próprio Estado. Além das forças políticas, da democracia, dos juízes, etc. Mas esta componente, que é a segurança interna e a Defesa, são essenciais ao Estado", considerou.
O CEMA salientou que "construir qualquer coisa sem isso é extraordinariamente perigoso e frágil" e alertou que "se se puserem só todos os ovos de um lado do cesto, o cesto pode desequilibrar-se e perdemos os ovos todos".
Gouveia e Melo salientou que o país não pode "andar num mundo que está a caminhar para uma confrontação global", em que Portugal faz "parte de um bloco dessa confrontação", e "estar alheado desse problema".
"Principalmente com o ativo tão interessante que é este espaço marítimo que as leis internacionais nos deram. Se nos alhearmos completamente disso, ai vamos um dia ter uma surpresa, é que nem estado social conseguimos erigir", avisou.
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