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"Não há manteiga sem canhões. Não há estado social se não houver Estado"

O chefe do Estado-Maior da Armada remeteu para o poder político uma eventual renovação do seu mandato, numa entrevista em que alertou que "não há estado social se não houver Estado", no qual se incluem as Forças Armadas.

"Não há manteiga sem canhões. Não há estado social se não houver Estado"
Notícias ao Minuto

09:23 - 27/12/23 por Lusa

País Gouveia e Melo

Em entrevista à agência Lusa, a propósito dos dois anos desde a sua nomeação como CEMA, assinalados hoje, o almirante Henrique Gouveia e Melo vincou que está "única e exclusivamente preocupado" em cumprir a sua atual função.

Questionado sobre uma eventual prorrogação do mandato, Gouveia e Melo respondeu que "isso envolve o que o poder político quiser", e sublinhou que conta com mais um ano até terminar o mandato e quer levar avante o que ainda não conseguiu fazer nos dois primeiros anos.

O almirante Henrique Gouveia e Melo, 63 anos, tomou posse como chefe do Estado-Maior da Armada em 27 de dezembro de 2021 e termina o seu mandato de três anos em dezembro de 2024. Os mandatos dos chefes militares podem ser prorrogáveis por dois anos.

Nesta entrevista à Lusa o almirante foi ainda questionado sobre a dicotomia que por vezes contrapõe investimentos na Defesa ou no Estado Social, com Gouveia e Melo a responder que "não há manteiga sem canhões".

"Não há estado social organizado se não houver Estado. E o Estado são as Forças Armadas e as forças de segurança como base estruturante desse próprio Estado. Além das forças políticas, da democracia, dos juízes, etc. Mas esta componente, que é a segurança interna e a Defesa, são essenciais ao Estado", considerou.

O CEMA salientou que "construir qualquer coisa sem isso é extraordinariamente perigoso e frágil" e alertou que "se se puserem só todos os ovos de um lado do cesto, o cesto pode desequilibrar-se e perdemos os ovos todos".

Gouveia e Melo salientou que o país não pode "andar num mundo que está a caminhar para uma confrontação global", em que Portugal faz "parte de um bloco dessa confrontação", e "estar alheado desse problema".

"Principalmente com o ativo tão interessante que é este espaço marítimo que as leis internacionais nos deram. Se nos alhearmos completamente disso, ai vamos um dia ter uma surpresa, é que nem estado social conseguimos erigir", avisou.

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