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Foram disparados dois tiros para o ar e dois contra Moniz, diz sindicato

O Sindicato de Oficiais da Polícia defendeu hoje que os agentes têm formação suficiente para reagir a situações limite e que trabalham sem olhar a "etnias ou nacionalidades", criticando os recentes discursos que promovem uma "escalada de violência".

Foram disparados dois tiros para o ar e dois contra Moniz, diz sindicato
Notícias ao Minuto

13:36 - 23/10/24 por Lusa

País Odair Moniz

A posição do presidente do Sindicato Nacional de Oficiais da Polícia (SNOP) surge na sequência da morte de Odair Moniz, morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, baleado por um jovem agente da polícia na madrugada de segunda-feira, e que motivou desacatos naquele e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa.

 

Segundo a PSP, Odair Moniz, de 43 anos, pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".

Foram disparados quatro tiros: dois para o ar e dois na direção de Moniz.

O presidente do SNOP, Bruno Pereira, reconhece que a idade e experiência "dão uma tarimba", mas garante que a atual formação dada aos futuros agentes os prepara para agir de forma adequada em situações limite.

"As pessoas estão capacitadas e têm formação adequada para responder a cenários críticos como este? Sim, estão. Se pode ser melhorada? Indiscutivelmente", disse Bruno Pereira, lembrando exemplos como a recente atuação de dois jovens polícias no Centro Ismaelita.

"No ano passado, houve um suspeito que assassinou duas pessoas e feriu gravemente outras tantas e não matou mais ninguém graças à rápida atuação dos polícias que estavam no local e conseguiram neutralizar os suspeitos. Eles tinham saído da escola há poucos meses", recordou.

Para o sindicalista, o mais grave neste momento são as acusações de racismo e de uso excessivo e inadequado de força por parte das autoridades policiais, sem antes se saber o que realmente aconteceu na madrugada de segunda-feira.

"Sem se conhecer o contexto nem o que se passou, vêm de forma perversa e bastante perigosa polarizar ainda mais as pessoas e as comunidades com este tipo de discurso", lamentou Bruno Pereira em declarações à Lusa, defendendo que é preciso esperar pela conclusão dos inquéritos abertos pela Inspeção-Geral da Administração Interna e PSP.

Para o sindicalista, "não vale a pena especular sobre a forma excessiva, desenquadrada, legítima ou ilegítima com que foi desencadeada a ação policial, que tem de ser devidamente avaliada por quem tem competência legal para o fazer".

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria a isenta" para apurar "todas as responsabilidades", considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.

Sobre as acusações de racismo feitas por vários moradores do Zambujal nos últimos dias, Bruno Pereira é perentório em negá-las, garantindo que "não é um comportamento" que reconhece na polícia.

No entanto, admite que possam existir casos isolados entre os profissionais, mas defende que "a polícia deverá ser intolerante [para com esses casos], tal como é intolerante para com quem comete atividades criminosas".

Para o sindicalista, é uma "narrativa que não faz sentido algum": "Não está em causa cores, etnias, origens, nacionalidades. Isso é completamente irrelevante e só incendeia ainda mais os ânimos e alimenta um tipo de comportamentos criminosos, violentos, que perturbam a paz pública, em especial as gentes que moram nos sítios onde estes incidentes têm ocorrido".

"Acho nauseabundo que se aproveitem este tipo de cenários para cavalgar uma narrativa que não faz sentido", lamentou, dizendo que há quem esteja a utilizar o ocorrido "como pretexto para dar lastro a um quadro de total desordem, de total escalada violência geradora de instabilidade completamente inadmissíveis".

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