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Duas centenas protestam no Porto em solidariedade com Odair Moniz

Cerca de duas centenas de pessoas solidárias com Odair Moniz, o homem baleado por um agente policial na segunda-feira concentraram-se hoje à frente do Comando Metropolitano do Porto da PSP, onde foi colocado um perímetro de segurança com grades.

Duas centenas protestam no Porto em solidariedade com Odair Moniz
Notícias ao Minuto

20:44 - 26/10/24 por Lusa

País Odair Moniz

Perto das 18h30, cerca de uma centena de pessoas começaram a concentrar-se na Praça Primeiro de Dezembro, com algumas bandeiras da Palestina -- outra das causas da iniciativa - e com cartazes em que se lia "Sinto insegurança perto de fascistas e racistas", "Justiça por Odair Moniz", "Fim da violência policial" ou "Matar e bater para ter o que comer".

 

Desde a morte do cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, que se têm registado tumultos na Área Metropolitana de Lisboa. Hoje, a capital foi palco de uma manifestação que reuniu milhares de pessoas de diferentes culturas e etnias contra a violência policial.

"Justiça para Odair", "fascistas, racistas, não passarão" e "violência policial é herança colonial" foram frases entoadas pelos manifestantes do Porto, entre assobios e palmas.

Os participantes, de várias etnias, traziam também lenços da Palestina.

Em declarações à Lusa, Joana Cabral, da associação SOS Racismo, disse que não se pode deixar passar esta oportunidade "de grande responsabilidade cívica, política e de toda a sociedade", perante "mais uma morte por consequência de uma ação policial".

"Independentemente de todos os contornos deste acontecimento trágico estarem totalmente apurados, a verdade é que os indícios que existem até agora são elementos suficientemente preocupantes. Já temos muitos outros acontecimentos prévios, muitas mortes de pessoas racializadas às mãos da polícia. Trinta e seis por cento das mortes por violência policial são de pessoas racializadas, o que é absolutamente desproporcional, tendo em conta de percentagem de pessoas que temos em Portugal", afirmou.

Segundo a manifestante, o protesto foi agendado "não para gerar mais conflito, não para gerar mais violência, mas precisamente para acabar com a violência e para pacificar, porque pacificar também é reconhecer - não é negar - a violência".

Não se pode, acrescentou, "fechar os olhos à violência quando ela é perpetrada pelo Estado e pelas forças de segurança".

Treze veículos ligeiros e cinco motociclos foram incendiados durante a noite passada na zona de Lisboa e três edifícios sofreram danos.

A PSP registou nos tumultos desta semana mais de 120 ocorrências, deteve cerca de duas dezenas de cidadãos e identificou um número semelhante de pessoas. Somam-se sete feridos, um dos quais com gravidade.

Desde segunda-feira, primeiro na Amadora e depois noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, foram queimados e destruídos autocarros, automóveis, motos e caixotes do lixo.

Na informação de divulgação protesto de hoje no Porto, enviada pelo movimento Estudantes do Porto em Defesa da Palestina à comunicação social, pode ler-se que é "preciso fazer justiça e condenar a morte de Odair Moniz pela polícia".

"Há demasiados mortos nas nossas comunidades. É preciso acabar com a violência e a impunidade policial nos bairros. É preciso que as pessoas deixem de ser tratadas como não-cidadãos que podem ser agredidos e mortos", é referido.

Odair Moniz foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar responsabilidades, considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.

A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos, e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Leia Também: Manifestações "pacíficas" em Lisboa. PSP agradece "serenidade e civismo"

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