Secretário madeirense defende comissão de inquérito a fogos no continente
O secretário da Proteção Civil da Madeira defendeu hoje a realização de uma comissão de inquérito aos incêndios rurais de setembro no continente, reiterando que o fogo de agosto não provocou mortes, nem houve casas ou infraestruturas essenciais destruídas.
© Governo da Madeira
País Incêndios
"Sugerimos uma comissão de inquérito aos incêndios no país", disse Pedro Ramos numa intervenção na Assembleia Legislativa da Madeira, no Funchal, no debate potestativo requerido pelo Juntos Pelo Povo (JPP) visando o "esclarecimento cabal e urgente da gestão" do incêndio rural de agosto na ilha da Madeira.
A sessão contou também com a presença da secretária regional da Agricultura, Pescas e Alterações Climáticas, Rafaela Fernandes, tendo o líder parlamentar do JPP, Élvio Sousa, criticado a ausência do presidente do governo madeirense, o social-democrata Miguel Albuquerque, no plenário.
O incêndio rural deflagrou na ilha em 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. No dia 26, ao fim de 13 dias, a Proteção Civil regional indicou que o fogo estava "totalmente extinto". Arderam mais de 5.000 hectares.
Pedro Ramos considerou haver um "aproveitamento político da situação para atacar o Governo Regional", sustentando ser preciso "serenar e tranquilizar a população", porque tem sido "passada uma mensagem para confundir a opinião pública".
"Aceitaremos todas as dúvidas, nada é perfeito, mas não aceitaremos as mentiras", reforçou o responsável, criticando os que têm revelado "desconhecimento da realidade" e andam a atear "incêndios artificiais".
O secretário da Saúde e da Proteção Civil salientou que já ocorreram incêndios na ilha com prejuízos muito mais graves, dando como exemplo os de 2010, 2012 e 2016, que provocaram mortes e danos em casas, obrigaram à evacuação de hospitais e outros espaços, e que "foram apagados".
"Nunca recusámos ajuda [externa]", declarou também o governante, argumentando ser necessário sempre fazer uma avaliação às necessidades de meios no decorrer dos incêndios e à forma mais eficaz de intervenção. A oposição na região tem criticado a demora no pedido -- ao Governo da República -- para reforçar o dispositivo de combate, bem como a ausência de Pedro Ramos e de Miguel Albuquerque (e presença na ilha do Porto Santo) durante alguns dias.
A operação em agosto, sublinhou o secretário regional, foi agravada pela meteorologia, devido aos ventos fortes e às altas temperaturas, e os aviões Canadair acabaram por dar apoio aos meios do arquipélago, que tem apenas um helicóptero para o efeito.
Por outro lado, complementou, a Madeira disponibilizou ajuda para o combate aos incêndios nas regiões Norte e Centro em setembro, que viveu uma situação grave (com nove mortos, mais de 150 feridos e dezenas de habitações destruídas), e "não obteve resposta".
"Temos de aprender com estes incêndios", reforçou o governante, admitindo a importância da atuação dos aviões nas zonas altas da ilha.
O líder parlamentar do JPP, Élvio Sousa, sublinhou que "o dia do juízo final irá chegar" e defendeu "uma discussão sobre a gestão política e técnica dos incêndios".
Entre outros aspetos, o eleito considerou ser necessário refletir sobre "o tempo da aparição dos governantes" e sublinhou que, da parte do presidente do Governo Regional, "ficou por endereçar uma palavra de solidariedade às vítimas do incêndio, porque "fez uma visita de médico de 24 horas" à ilha quatro dias depois de ter deflagrado o incêndio, regressando às férias no Porto Santo.
Sobre a ajuda externa, Élvio Sousa lembrou que o secretário regional afirmou primeiro que os meios da região não estavam totalmente esgotados, quando "nem 10% dos meios operacionais da região" estavam a ser utilizados, e duas horas depois foi anunciado que "80 elementos da Força Especial [dos Bombeiros] chegavam à Madeira" nesse dia.
Pelo PS, Paulo Cafôfo sustentou que "foi tudo uma trapalhada na gestão [do combate], que foi política e não técnica", acusando os governantes de terem "abandonado os madeirenses quando mais precisavam".
O eleito do Chega Hugo Nunes censurou a "falta de um plano de resposta rápida" e questionou se há na área das florestas uma "atuação com competência e eficiência".
Sara Madalena, do CDS-PP, questionou, por seu turno, se os bombeiros da região estão preparados para combate a incêndios em túneis, tendo o secretário regional realçado que a Madeira tem 100 quilómetros destas infraestruturas e que foram investidos 300 milhões de euros, nos últimos três anos, em equipamento para atuar em ambientes fechados. "Temos de adquirir mais", acrescentou Pedro Ramos.
O deputado único da Iniciativa Liberal, Nuno Morna, considerou que este debate potestativo foi "uma perfeita inutilidade", porque se realiza esta tarde uma comissão de inquérito no parlamento regional sobre a mesma matéria, tendo sido secundado pela parlamentar do PAN, Mónica Freitas.
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