Ana foi atacada por um violador, mas conseguiu pedir socorro
No Dia Internacional da Eliminação da Violência contra mulheres, Ana, de 27 anos, conta à Lusa como foi atacada por um desconhecido num parque em Lisboa e como vive traumatizada por esse acontecimento, apesar de o agressor estar preso.
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País Violência
Ana (nome fictício) nasceu numa aldeia da Federação Russa e veio para Portugal há dois anos por motivos profissionais.
Segundo relatou à Lusa foi uma luta durante 10 minutos contra o agressor que lhe bateu, tentou asfixiar e lhe tirou as calças para a tentar violar.
"Fui atacada por um homem completamente desconhecido para mim. Ele tem 33 anos, de acordo com os documentos que tenho do processo judicial", conta.
A agressão teve lugar num parque infantil a cerca de cinco minutos a pé da sua habitação quando eram cerca das 20:00.
Foram 10 minutos de luta para sobreviver sem ser violada na escuridão da noite, relata.
Ana não "congelou" de medo como acontece a muitas outras vítimas de violação. Um estudo científico do Instituto Karolinska (Suécia), realizado a 298 mulheres violadas, revela que 70% das vítimas de violação relataram que sofreram de imobilidade tónica significativa, que é um estado de "congelamento", um estado de inércia total que se apodera do corpo e que não permite sequer que a vítima consiga gritar por socorro.
"Lembro-me muito bem do que aconteceu. Não vi a cara dele quando me atacou por trás. Houve uma luta, eu gritei muito alto, ele sufocou-me, bateu-me na cara, tirou as minhas calças e tentou violar-me, mas eu tentei fugir. Gritei por socorro e as pessoas que passavam ouviram-me e chamaram a polícia", descreve.
Ana foi levada para o hospital imediatamente após o ataque. Na unidade hospitalar tiraram-lhe raios X para verificar se havia fraturas e documentaram os hematomas.
O agressor tentou fugir, mas foi apanhado.
"Apresentei queixa no dia seguinte à agressão. Ele já tinha sido condenado e agora está na prisão", afirma Ana.
O homem condenado recorreu da sentença e a sua "pena de prisão foi reduzida", lamenta Ana, referindo que tem estado a receber apoio psicológico desde o dia do crime.
Após a agressão não tinha coragem para sair sozinha à rua, especialmente depois de escurecer e decidiu frequentar um grupo de apoio à vítima de violação sexual.
"Passou mais de um ano desde o incidente e, claro, a minha vida mudou para sempre. Agora, sinto-me sempre insegura. Falto a reuniões com amigos e colegas, porque não quero ir para casa sozinha. Tenho medo de viajar, algo que outrora me dava prazer. Assusto-me muitas vezes quando as pessoas passam por mim, pensando que me podem magoar. Todo o meu tempo é dedicado a tentar voltar à vida que tinha antes, quando não tinha medo dos homens e de sair à rua", relata.
Confessa que tem "muito medo" que o agressor saia da prisão e possa querer vingar-se.
Pensou em sair de Portugal e regressar à Rússia, contudo, neste momento não regressa "por causa da guerra".
Entretanto, vai sonhando em construir uma família.
"Quero ter um marido que me proteja. Ainda acredito no amor e espero que, no futuro, o meu estado mental melhore. Espero deixar de ter tanto medo de estranhos e voltar a encontrar o amor", diz.
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