Voto de condenação? "Não alinhamos em show offs mediáticos do Chega"
Ainda que tenha reconhecido que as palavras de Marcelo foram "infelizes", Inês de Sousa Real sublinhou que "o país nada tem a ganhar em ter a AR a discutir moções de censura que não vão ser aprovadas, que estão condenadas desde a sua apresentação".
© Carlos Pimentel/Global Imagens
Política Inês Sousa Real
A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, condenou, esta segunda-feira, a iniciativa do partido de extrema-direita Chega quanto à apresentação de um voto formal de condenação ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, face às declarações que o chefe de Estado proferiu sobre a reparação devida pelo passado colonial português.
“Parece-nos que os portugueses não vivem com circos mediáticos. Aquilo que o Chega mais uma vez vem fazer são números, ao invés de estarmos na Assembleia da República (AR) a trabalhar para os problemas e para as dificuldades e o custo de vida que as pessoas continuam a sentir”, disse a responsável, junto ao Tribunal Constitucional, onde os partidos vão, ao longo do dia de hoje, entregar as listas para as eleições europeias.
Ainda que tenha reconhecido que as palavras de Marcelo foram “infelizes”, Sousa Real sublinhou que “o país nada tem a ganhar em ter a AR a discutir moções de censura que não vão ser aprovadas, que estão condenadas desde a sua apresentação”.
“Deveríamos estar a falar do salário mínimo, do salário médio, de descer o IVA, de concluirmos os trabalhos em torno da reforma fiscal, […] ou até mesmo matérias da conservação da natureza e de proteção animal. É para isso que estaremos na AR e evidentemente não alinhamos em show offs mediáticos do Chega”, disse.
A porta-voz do PAN apontou ainda que “o direito à reparação das ex-colónias é um direito que deve ser conversado e falado, mas noutro âmbito e com outro tipo de intervenientes, como é o caso do Governo, que não se coaduna a lançar para o ar determinadas ideias”.
É que, recorde-se, o Presidente da República sugeriu que Portugal assumisse responsabilidades por crimes cometidos durante a era colonial, propondo o pagamento de reparações pelos erros do passado, durante um jantar com jornalistas estrangeiros.
"Não podemos meter isto debaixo do tapete ou dentro da gaveta. Temos obrigação de pilotar, de liderar este processo, porque se nós não o lideramos, assumindo, vai acontecer o que aconteceu com países que, tendo sido potências coloniais, ao fim de x anos perderam a capacidade de diálogo e de entendimento com as antigas colónias", alertou.
Depois das declarações de Marcelo, o Governo afirmou, em comunicado, que "não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de ações específicas com o propósito" de reparação pelo passado colonial português e defendeu que se pautará "pela mesma linha" de Executivos anteriores.
Ainda assim, o Chega ressalvou que chamará ao Parlamento o ministro dos Negócios Estrangeiros, "para perceber se há algum tipo de contactos sobre esta matéria com os Estados lusófonos ou algum pedido específico dirigido ao Estado português", uma vez que, na sua ótica, as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa representam "uma traição ao povo português e à sua História".
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