Medicamento para o cancro é 100% eficaz contra malária em ensaio clínico
O fármaco Imatinibe demonstrou ser totalmente eficaz em apenas três dias juntamente com o tratamento tradicional contra a patologia parasitária, que já matou milhões em todo o mundo.
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O Imatinibe é comummente utilizado no tratamento de leucemia mielóide crónica ou para tumores gastrointestinais, e agora revelou ser eficaz contra a malária no decorrer de um ensaio clínico de fase 2, segundo um estudo divulgado no Journal of Experimental Medicine, reporta um artigo publicado na revista Galileu. Em junção ao tratamento tradicional contra a doença parasitária, o medicamento eliminou em 48 horas o parasita Plasmodium em 90% dos doentes e em 100% deles no período de três dias.
O fármaco que pertence ao grupo farmacêutico Novartis atua ao bloquear as enzimas envolvidas no crescimento dos tumores cancerígenos, no entanto consegue igualmente impedir a disseminação do Plasmodium.
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Os investigadores testaram o Imatinibe em voluntários o Imatinibe que foram simultaneamente submetidos à terapia padrão, que consiste na combinação dos fármacos piperaquina e diidroartemisinina.
O estudo envolveu pacientes da província de Quang Tri, no Vietnam, local onde se crê que o parasita da malária tenha ganho resistência contra a ação de medicamentos.
No estudo, descreve a Galileu, os cientistas notaram que 33% dos pacientes submetidos ao tratamento tradicional - sem a toma de Imatinibe - ainda apresentavam parasitas na corrente sanguínea após três dias.
"As taxas de eliminação atrasadas são um precursor e um indicador da resistência potencial aos medicamentos, que tem sido um problema com a malária por décadas", disse Philip Low, líder do estudo, num comunicado emitido à imprensa.
Entretanto, os pacientes medicados com Imatinibe experienciaram um alívio da febre em menos da metade do tempo, comparativamente a pessoas que passaram pelo tratamento padrão, mas não tomaram o fármaco.
O parasita da malária transmite-se através da picada de mosquitos. A doença infeta os glóbulos vermelhos do sangue e reproduz-se, ativando uma enzima que provoca a rutura da célula e a libertação de uma forma parasitária denominada merozoíta na corrente sanguínea.
Sendo que esta nova droga farmacológica poderá evitar a ação dessa enzima, o que por sua vez otimiza a sua eficácia contra variantes do Plasmodium.
Segundo Low: "como estamos a visar uma enzima que pertence ao glóbulo vermelho, o parasita não pode sofrer mutações para desenvolver resistência – este simplesmente não pode sofrer qualquer mutação nas proteínas das nossas células do sangue".
A equipa espera agora receber aprovação da agência federal dos Estados Unidos, Food and Drug Administration (FDA), para a realização de um ensaio clínico de fase 3.
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