Primeira epidemia de vírus ancestral do SARS-CoV-2 ocorreu há 21 mil anos
“A nossa estimativa de mais de 21 mil anos atrás baseia-se em informações virais sequenciadas e está em concordância com uma análise recente de genómica humana, que sugere infeção com um coronavírus antigo por volta da mesma época”, explica Mahan Ghafari, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
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De acordo com um artigo publicado na revista Galileu, a conclusão foi divulgada no jornal científico Current Biology.
Investigadores da Universidade de Oxford descobriram que o ancestral comum mais recente dos Sarbecovirus ocorreu há mais de 21 mil anos, tornando-o aproximadamente 30 vezes mais antigo do que pesquisas prévias sugeriam.
No atual século XXI, a humanidade foi subjugada ao vírus do subgénero Sarbecovirus duas vezes, nomeadamente durante o surto entre 2002 e 2004, provocado pelo SARS-CoV-1, e desde 2020, com a pandemia da Covid-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2.
Segundo o investigador de Oxford Mahan Ghafari, num comunicado emitido à imprensa: "a nossa estimativa de mais de 21 mil anos atrás baseia-se em informações virais sequenciadas e está em concordância com uma análise recente de genómica humana, que sugere infeção com um coronavírus antigo por volta da mesma época".
De modo a chegar a esse número, explica a revista Galileu, os cientistas observaram a taxa de evolução de vírus, que tende a ser elevada em espaços de tempo diminutos. Porém, esse índice desacelera com o tempo. Tal ocorre porque os agentes necessitam de se manter altamente adaptados aos hospedeiros para sobreviver, o que impõe restrições na possibilidade de acumular múltiplas mutações.
"Desenvolvemos um novo método que consegue recuperar a idade dos vírus em escalas de tempo mais longas e corrigir um tipo de ‘relatividade evolutiva’, no qual a taxa aparente de evolução depende da escala temporal da medição", diz Ghafari.
Esta foi a primeira vez que um estudo foi bem sucedido a reconstituir os padrões de declínio desse índice em vírus.
Consequentemente, esta pesquisa inédita acabou por criar uma ferramenta capaz de corrigir a falha de determinados modelos evolutivos que não conseguiram avaliar com exatidão a divergência entre espécies de vírus ao longo dos anos.
A partir de agora, será possível reconstruir a história evolutiva de agentes associados ao coronavírus SARS-CoV-2, assim como de outros vírus de ADN e RNA de épocas mais remotas.
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