ONG pedem libertação de jornalistas detidos no Burundi
Sessenta e cinco organizações não-governamentais (ONG) apelaram hoje para a "libertação imediata e incondicional" de quatro jornalistas do grupo de media burundiano Iwacu, detidos há um ano sob acusações "sem fundamento".
© Reuters
Mundo Burundi
Os jornalistas Agnès Ndirubusa, Christine Kamikazi, Egide Harerimana e Térence Mpozenzi foram detidos há um ano, em 22 de outubro de 2019, na província de Bubanza, onde investigavam alegados confrontos entre as forças de segurança e um grupo armado da República Democrática do Congo (RDCongo).
O motorista dos jornalistas, Adolphe Masabarakiza, foi libertado, mas estes foram condenados, em janeiro, a dois anos e meio de prisão por violações à segurança do Estado, uma sentença que foi mantida em recurso, no passado mês de junho.
"Durante o julgamento, contudo, o Ministério Público não apresentou quaisquer provas de que os jornalistas tivessem estado em contacto com o grupo armado", afirmam as 65 organizações de defesa dos direitos humanos e da liberdade de imprensa, numa declaração conjunta citada pela agência France-Presse (AFP).
Entre as organizações signatárias da carta estão a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch, a Federação Internacional dos Direitos Humanos, o Comité para a Proteção dos Jornalistas, Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e várias ONG africanas e do Burundi.
"A sua detenção contínua com base em acusações sem fundamento é uma forte recordação, apesar das recentes mudanças na liderança do país, da falta de tolerância do Governo burundiano em relação ao jornalismo independente e à liberdade de expressão", continuam.
Em maio, a eleição do general Évariste Ndayishimiye para o cargo de Presidente do país levantou a esperança de uma abertura no Burundi.
Ndayishimiye sucedeu a Pierre Nkurunziza, que morreu em 09 de junho, cuja vontade de concorrer a um terceiro mandato, em 2015, levou a uma grave crise no Burundi, marcada por execuções sumárias, desaparecimentos, detenções arbitrárias, tortura e violência sexual contra vozes opositoras.
O grupo Iwacu é um dos maiores grupos de media independentes do Burundi.
Para as ONG, com a condenação dos quatro repórteres, os tribunais do Burundi "estão a enviar uma mensagem para intimidar e ameaça outros jornalistas para os dissuadir de fazer o seu trabalho e denunciar o que está a acontecer no país".
O Burundi ocupa a posição número 159 entre 180, no índice de liberdade de imprensa da RSF. No entanto, anteriormente à crise de 2015, o país era um dos poucos Estados da região dos Grandes Lagos que tinha uma imprensa livre e independente.
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