Talibãs celebram 2 anos de regresso ao poder no Afeganistão. As imagens
Os talibãs assinalaram hoje o segundo aniversário da reconquista de Cabul, que lhes permitiu retomar o poder no Afeganistão 20 anos depois de terem sido depostos por forças internacionais, reivindicando conquistas em matéria de segurança.
© Reuters
Mundo Talibãs
"Agora, a segurança está garantida, todo o território é controlado por um único regime, há um sistema islâmico em vigor e tudo é explicado através do prisma da 'Sharia'", ou lei islâmica, disseram os talibãs numa mensagem citada pela agência espanhola Europa Press.
Os talibãs, que praticam uma interpretação estrita do Islão, reconquistaram Cabul em 15 de agosto de 2021, após uma ofensiva que levou ao colapso da administração patrocinada por uma força das Nações Unidas.
Fundado no início da década de 1990, o movimento nacionalista sunita tinha governado o Afeganistão entre 1996 e 2001, quando foi derrubado por uma coligação liderada pelos Estados Unidos, após os atentados terroristas de 11 de setembro desse ano.
Seguiu-se uma ocupação do país asiático por uma força internacional até agosto de 2021, durante a qual foram revertidas as regras mais restritivas que os talibãs tinham aplicado às mulheres, como a proibição do ensino.
Apesar de promessas de mudança relativamente ao primeiro governo, a restauração do Emirado Islâmico do Afeganistão, nome oficial do regime, traduziu-se numa redução dos direitos, num agravamento da situação da população e num isolamento internacional do país.
"A conquista de Cabul provou mais uma vez que ninguém pode controlar a orgulhosa nação do Afeganistão", disseram hoje os talibãs.
Segundo eles, o "fracasso dos invasores" significa que não poderão "ameaçar a independência e a liberdade" do Afeganistão.
As bandeiras brancas e pretas do emirado islâmico foram hasteadas nos postos de controlo de segurança de Cabul, cujas ruas estavam calmas hoje de manhã, segundo a agência francesa AFP.
Vários talibãs concentraram-se em frente à antiga embaixada dos Estados Unidos em Cabul, onde alguns homens tiravam fotografias enquanto se ouviam cânticos.
"Hoje, é um dia feliz, é a data do fim da ocupação do nosso país", disse à AFP Mortaza Khairi, um estudante de Medicina de 21 anos.
Os estudos são impossíveis para as raparigas, que já não podem frequentar a universidade.
Nos últimos dois anos, as autoridades talibãs impuseram a sua interpretação austera do Islão, tendo as mulheres sofrido duramente ao abrigo de leis descritas pelas Nações Unidas como "apartheid de género".
Hoje mesmo, a ONU apelou aos talibãs para que devolvam às mulheres e às raparigas afegãs a dignidade e os direitos que lhes pertencem.
"O que temos visto são retrocessos quase semanais no Afeganistão nos últimos dois anos, que estão a afastar cada vez mais as mulheres e as raparigas do Afeganistão dos direitos humanos a que têm direito", disse um porta-voz da ONU.
Farhan Haq insistiu na necessidade de uma frente unida da comunidade internacional e apelou "àqueles que têm influência" em Cabul para que a utilizem em benefício das mulheres e raparigas afegãs.
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