Estados Unidos detêm fornecedor de origem etíope por espionagem
Um fornecedor da Administração norte-americana foi detido acusado de espionagem, por alegadamente passar a um país estrangeiro informações confidenciais que descarregou e imprimiu a partir do seu sistema informático de trabalho, anunciou o Departamento de Justiça.
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Mundo Espionagem
Abraham Teklu Lemma, originário da Etiópia, tinha uma autorização de segurança ultrassecreta e acesso a informações confidenciais através de contratos com os departamentos de Estado e de Justiça, especificou na quinta-feira a procuradoria norte-americana.
Lemma é acusado de utilizar uma aplicação de mensagens encriptadas para transmitir mapas, fotografias e imagens de satélite a um Governo estrangeiro, segundo os documentos do tribunal.
Os documentos do tribunal não identificam o país para o qual Lemma é acusado de espionagem, e um porta-voz do Departamento de Justiça não quis comentar, mas a justiça dos Estados Unidos tem em sua posse documentos que referem viagens de ida e volta durante o último ano e meio a um país onde o etíope tem laços familiares.
O New York Times, que primeiro noticiou a detenção, identificou a Etiópia como o país para o qual Lemma terá espiado.
Os procuradores norte-americanos afirmam que o fornecedor acedeu a dezenas de relatórios dos serviços secretos, copiando informação dos mesmos e descarregando-a para CD e DVD.
O suspeito é acusado de fornecer informações de defesa nacional para ajudar um Governo estrangeiro e de conspirar para o fazer, bem como de retenção intencional de informações de defesa nacional norte-americana.
Abraham Teklu Lemma tem 50 anos, residente em Silver Spring, Maryland, e é um cidadão norte-americano naturalizado, informou o Departamento de Justiça.
Além do material que os procuradores dizem que Lemma forneceu, o suspeito terá também comunicado com um funcionário estrangeiro, que lhe terá pedido informações sobre determinados assuntos de interesse do país.
Os dois terão mantido conversas sobre questões militares, tais como centros de comando e atividades de insurgentes que lutavam contra o Governo, de acordo com o depoimento de um agente do FBI, não identificado.
O Departamento de Estado afirmou em comunicado que tomou conhecimento de que Lemma poderá ter removido indevidamente informações confidenciais dos seus sistemas durante uma revisão interna de segurança, que se prolongou por dois meses, motivada pela detenção, em abril, de um membro da Guarda Nacional Aérea do Massachusetts acusado de divulgar documentos militares altamente confidenciais numa plataforma de redes sociais.
O departamento fez saber que continuará a aplicar as recomendações produzidas por essa revisão por forma a melhorar a proteção de informações classificadas.
O Governo federal da Etiópia entrou em guerra com as autoridades da região de Tigray no final de 2020, tendo desde o início recebido o apoio aliado das forças armadas da vizinha Eritreia.
O estado de Tigray, no norte da Etiópia, ficou isolado do mundo durante grande parte do conflito, que terminou com um acordo de paz em novembro passado, o que parece apontar para a particular importância das imagens de satélite relativas aos combates.
Centenas de milhares de pessoas foram mortas durante os dois anos de guerra, mas a situação voltou a deteriorar e a guerra ameaça agora alastrar-se ao país, envolvendo já forças dos estados vizinhos de Tigray, Amhara, Afar e Oromia (a região que circunda a capital etíope, Adis Abeba), que se opõem às forças armadas etíopes e eritreias no terreno, de acordo com um relatório de um grupo de peritos das Nações Unidas, apresentado esta semana em Nova Iorque.
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