Polícia zimbabueana já deteve 112 opositores desde junho
A polícia do Zimbabué deteve sexta-feira 15 membros do principal partido da oposição, Coligação de Cidadãos para a Mudança (CCC, na sigla em inglês), elevando para 112 o total de opositores detidos desde junho, disseram hoje fontes judiciais.
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Mundo Zimbabué
"Sabemos que houve mais detenções e estamos preparados para lhes dar assistência jurídica", disse à EFE Rosely Hanzi, diretora da organização Advogados do Zimbabué pelos Direitos Humanos (ZLHR, na sigla em inglês), que está a tratar da defesa dos detidos.
Os 15 novos detidos são acusados de desordem pública por participarem em manifestações pacíficas que pediam a libertação de Jameson Timba, um líder do CCC, e de 78 outros ativistas detidos em 16 de junho sob a acusação de realizarem uma reunião não autorizada e que continuam detidos.
O assessor do Presidente do Zimbabué, George Charamba, disse por seu lado à EFE que os opositores estavam a trabalhar "com estrangeiros que querem desestabilizar o país" e acusou-os de quererem boicotar a cimeira de chefes de Estado da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), marcada para 17 de agosto na capital, Harare.
Timba e os 78 militantes queixaram-se em tribunal dos espancamentos e torturas a que foram sujeitos pela polícia e que lhes partiram vários membros, confirmou à EFE o seu advogado, Kelvin Kabaya, que também representa os 18 detidos na quarta-feira.
Na semana passada, várias embaixadas ocidentais no Zimbabué manifestaram a sua preocupação com a vaga de detenções, incluindo os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia (UE), cujo representante, Jobst von Kirchman, instou as autoridades zimbabueanas a "respeitarem as liberdades fundamentais em conformidade com a Constituição".
Timba lidera a fação do CCC ainda leal ao antigo líder do partido, Nelson Chamisa, para quem continua a ser secretário para os assuntos presidenciais.
Desde as eleições gerais de agosto de 2023, vários deputados do CCC foram detidos por participarem em manifestações que, segundo a polícia, não foram autorizadas.
A situação política no país continua tensa após as eleições, que deram a vitória ao partido no poder, a União Nacional Africana do Zimbabué-Frente Patriótica (ZANU-PF), do Presidente Emmerson Mnangagwa, que lidera o Zimbabué desde 2017, quando um golpe militar depôs Robert Mugabe, que morreu dois anos depois.
As autoridades eleitorais deram a Mnangagwa, de 81 anos, 52,6% dos votos, enquanto o então líder do CCC ficou em segundo lugar com 44%.
Chamisa rejeitou estes resultados, alegando que os dados oficiais não estavam de acordo com a contagem do seu partido.
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