Associação de imprensa senegalesa alerta para "grave crise no setor"
A organização que representa as associações de meios de comunicação social do Senegal alertou hoje para o encerramento de empresas de 'media' e perda de dezenas de postos de trabalho devido à pressão exercida pelas novas autoridades.
© Pixabay
Mundo Senegal
Dois dos jornais diários desportivos mais lidos do país, Stades e Sunu Lamb, suspenderam a sua publicação após mais de 20 anos de presença nos meios de comunicação senegaleses devido a dificuldades económicas, anunciaram os seus editores no passado fim de semana.
Outros meios de comunicação social deverão seguir o mesmo caminho, segundo um comunicado da Coordenação das Associações de Imprensa (CAP), que fala em "uma crise grave no setor".
A CAP, que afirma estar "muito preocupada com a situação muito difícil" em que se encontra o setor, denuncia as múltiplas formas de pressão exercidas pelas novas autoridades sobre as empresas de comunicação social: inspeções fiscais, notificações para pagamento de direitos de autor, rescisão e suspensão de pagamentos de acordos comerciais por parte de organismos públicos.
O setor da comunicação social no Senegal enfrenta há muito tempo dificuldades económicas, com os intervenientes a queixarem-se de condições de trabalho precárias.
As novas autoridades "encontraram certamente o setor na agonia da morte, tendo o processo de reforma sido deliberadamente truncado pelos antigos detentores do poder, mas é preciso dizer que o novo regime não iniciou nem consultas nem ações concertadas para relançar a normalização deste setor tão vital para a democracia", sublinha a CAP.
No final de junho, o primeiro-ministro, Ousmane Sonko, condenou o desvio de fundos públicos por parte de alguns proprietários de meios de comunicação social e avisou também a imprensa que, em nome da chamada liberdade de imprensa, escrevem o que quiserem sobre indivíduos, sem qualquer fonte fiável.
Estes comentários foram considerados pelos profissionais como uma ameaça para a imprensa.
Desde 2021, o Senegal passou do 49.º para o 94.º lugar no índice mundial de liberdade de imprensa da organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
No início de junho, os RSF instaram o novo Governo a agir em prol da liberdade de imprensa, após três anos de agressões e detenções de jornalistas e de suspensão de órgãos de comunicação social durante o mandato do Presidente Macky Sall.
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