Comunicação social senegalesa em protesto cumpre "dia sem imprensa"
A maioria dos meios de comunicação senegaleses juntou-se hoje ao protesto um "dia sem imprensa", num alerta contra novas medidas fiscais e económicas impostas pelas autoridades senegalesas, que consideram uma ameaça à sua sobrevivência.
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Mundo Senegal
A quase totalidade dos jornais do país não apareceu hoje nas bancas e duas das principais estações de rádio privadas, a RFM e a iRadio, emitiram música durante o noticiário da manhã.
Estações de televisão privadas, nomeadamente a TFM, ITV e a 7 TV, exibiram a imagem do protesto - três punhos fechados agarrando um lápis - juntamente com o "slogan" "dia sem imprensa", em sinal de solidariedade.
Alguns jornais optaram por não seguir o movimento, como o diário pró-governamental Le soleil e os jornais WalfQuotidien e Yoor Yoor, um jornal cuja linha editorial é favorável ao Governo. As estações de televisão RTS e Walf TV também não aderiram ao protesto.
O Conseil des Diffusurs et Editeurs de la Presse au Sénégal (Cdeps, associação patronal senegalesa dos media), que reúne editores privados e públicos, considerou que liberdade de imprensa "está ameaçada no Senegal", num editorial conjunto publicado na imprensa local na segunda-feira.
A associação responsabiliza as autoridades, no poder desde abril, por "congelamento das contas bancárias" das empresas de comunicação social por alegada falta de pagamento de impostos, "apreensão de equipamentos de produção", "rescisão unilateral e ilegal de contratos de publicidade" e "congelamento dos pagamentos" devidos aos meios de comunicação social.
"O objetivo não é outro senão o de controlar a informação e domesticar os atores da comunicação social", afirma a associação no editorial do Senegal, país que faz fronteira com a Guiné-Bissau.
O setor dos meios de comunicação social senegalês é, desde há muito, afetado por dificuldades económicas, com os intervenientes a queixarem-se de condições de trabalho precárias.
No final de julho, o editor de dois dos diários desportivos mais lidos do país, "Stades" e "Sunu Lamb", suspendeu a publicação após mais de vinte anos de presença nas bancas, devido a dificuldades económicas.
O "dia sem imprensa" ocorre "numa altura em que 26% dos repórteres do país não têm contrato de trabalho", enquanto "as empresas de comunicação social estão sobrecarregadas com pesadas dívidas fiscais", num contexto de "crise de confiança entre os meios de comunicação social e o público", segundo a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF).
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