Oposição à independência na Catalunha no valor mais alto dos últimos anos
Cerca de 54% dos catalães opõe-se atualmente à independência da Catalunha, a percentagem mais elevada dos últimos dez anos, período em que a região espanhola passou por uma tentativa de autodeterminação, segundo uma sondagem divulgada hoje.
© Getty Images
Mundo Catalunha
A sondagem é do Centro de Estudos de Opinião (CEO) catalão, um organismo público, e conclui que 40% votaria hoje a favor da independência se houvesse um referendo.
A percentagem das pessoas contra a independência e a diferença de 14 pontos entre uma opinião e outra são as maiores registadas pelos estudos do CEO numa década.
A Catalunha viveu em 2017 uma tentativa de autodeterminação que culminou com uma declaração unilateral de independência, a que se seguiu a suspensão da autonomia e a detenção e condenação de dirigentes regionais, num processo acompanhado por manifestações e protestos que mobilizaram centenas de milhar de pessoas nas ruas. Este 'process', como é conhecido em Espanha, marcou e condicionou a política regional e nacional na última década, além de ter criado divisões e tensões sociais dentro da Catalunha e no resto do país.
O apoio à independência, segundo os estudos do CEO, atingiu o auge, precisamente, em outubro de 2017, quando alcançou os 49%.
Esse apoio diminuiu posteriormente e nos últimos cinco anos, desde 2019, o "não" à independência tem sempre superado o "sim" nos estudos do CEO.
A diferença entre as duas posições nunca tinha superado os 11 pontos até julho passado, alcançando agora o recorde de 14 pontos, segundo a sondagem apresentada hoje.
O diretor do CEO, Joan Rodríguez, disse hoje, numa conferência de imprensa, que os dados mostram que há "um lento declive" do apoio à independência da Catalunha, que "está a chegar ao fundo".
O estudo de hoje do CEO revela, em paralelo, que a principal preocupação dos catalães passou a ser o acesso à habitação, algo que não ocorria desde 2007. Há nove meses, a habitação surgia como a nona preocupação dos catalães nos estudos do CEO.
Joan Rodríguez afirmou que a habitação não surgiu repentinamente no topo da sondagem do CEO e que, sobretudo entre 2023 e 2024, subiu paulatinamente nas preocupações mencionadas pelos catalães.
A Catalunha celebrou eleições regionais em maio passado, que os socialistas venceram ao mesmo tempo que os partidos independentistas perderam a maioria absoluta que tinham há 14 anos consecutivos no parlamento autonómico.
A região do nordeste de Espanha tem assim desde agosto o primeiro governo autonómico em 14 anos não liderado por independentistas.
O novo ciclo político na região saído das eleições autonómicas de 12 de maio tem como protagonista o novo presidente regional, o socialista Salvador Illa, que foi ministro da Saúde de Espanha durante a pandemia de covid-19.
Illa chegou a presidente da Generalitat depois de ter feito um acordo parlamentar com a independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC).
A ERC, que estava à frente da Generalitat mas ficou em terceiro nas eleições, foi a primeira grande força independentista a reconhecer "os maus resultados" do separatismo nas últimas eleições e que a região entrou num novo ciclo político.
O outro grande partido independentista é o Juntos pela Catalunha (JxCat, conservador), do ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont, que desde 2017 vive na Bélgica para fugir à justiça espanhola.
A diminuição do apoio ao independentismo na Catalunha coincidiu também com a mudança de cor do Governo de Espanha, a partir de 2018, desde que o socialista Pedro Sánchez lidera o executivo com acordos parlamentares com partidos independentistas catalães.
Entre as cedências que Sánchez fez aos independentistas estão indultos e uma amnistia.
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